A
INSTITUCIONALIZAÇÃO
NECESSÁRIA
Rui Martinho Rodrigues*
A frente vitoriosa nas eleições presidenciais de 2018, como toda
frente, é heterogênea. Um grupo militar, outro de economistas e empresários em
torno de Paulo Guedes; outro ainda de profissionais do Direito aglutinados por Sérgio
Moro; outro ainda formado por políticos; além no círculo familiar do Presidente.
O grupo político é certamente o mais heterogêneo, porque eleito em
parte por influência do então candidato a presidente e pelo voto contrário aos
demais candidatos, e o que eles representavam. Muitos neófitos em política, sem
experiência no trato com o Congresso e com a imprensa. Mas é cediço que o
Brasil não é para principiantes.
Declarações contraditórias e recuos não são surpresa. Até recomenda
bem que um chefe de Estado e de governo não seja intransigente e obstinado. O
problema começa quando os agentes econômicos ficam desorientados, a comunicação
com os eleitores se torna incompreensível e a base congressual se dispersa. Um
pouco mais de institucionalização ajudaria a superar estes entraves.

A institucionalização das funções, definindo quem fala sobre o que,
quem é candidato a quais posições, dentro da base parlamentar, com apoio do Governo,
permitiriam negociações mais produtivas, com maior poder de barganha, próprio
dos grupos políticos coesos. Uma liderança hábil e proativa complementaria a
institucionalização. O patrimonialismo, velha e lamentável tradição herdada de Portugal,
deve ser afastado. Assim distinguiremos o espaço das instituições públicas
daquele da esfera privada, inclusive a família.
Intriga, desconfiança e descoordenação rondam a falta de
institucionalização. Respostas rápidas aos problemas, antes que eles cresçam, é
uma necessidade imperativa. Isso só pode acontecer quando existe coordenação,
comando e controle facilitados pela definição institucional de responsabilidades
e competências.
Também é preciso que ninguém seja intocável. Não se deve nomear
quem não se pode demitir. Franco Montoro, quando governador de São Paulo, teve
problema por nomear filho secretário. Precisou demiti-lo e logo surgiram boatos
de que isso valera um problema conjugal ao então Governador.

Intriga e desinformação pululam, quando há demora e versões
contraditórias, propiciadas pela falta de institucionalização e pela omissão de
liderança. O destempero de personalidades agressivas, quando não representam o Governo,
precisam sem demora ser classificadas como exteriores ao grupo no poder.
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