DE PURA TEIMOSIA
Humberto Ellery*
Este vídeo abaixo corrobora minha afirmação de que a grande culpada pelas tragédias de Mariana e Brumadinho, e as outras que seguramente virão, é a “Universidade Brasileira”, assim mesmo, entre aspas, porque nós não temos Universidade em nosso País.
Continuo com minha opinião: o que confere universalidade às instituições de ensino é a Extensão, pois Ensino é importante e Pesquisa também, mas não passam disso: ensino e pesquisa. Enquanto a universidade brasileira não descer de sua torre de marfim, transpuser seus muros e chegar à Sociedade, disseminando os conhecimentos gerados em suas pesquisas, interagindo com o setor produtivo, não estará cumprindo a contento seu papel – primordial – que lhes permita serem chamadas de Universidades.

Por detestarem os empresários, esses “exploradores” da “mais valia” do proletariado, continuaremos a ver os rankings das melhores Universidades mundo a fora, sem encontrar uma brasileira entre as 100 melhores, nem entre as 200 melhores – apenas a USP aparece entre as 300 melhores, em algum ponto entre a 251ª e a 300ª posição, quando os diversos rankings já não fazem distinção entre uma posição e outra, tudo junto e misturado numa geleia que me mata de vergonha.
E o que é pior, até hoje não vi um professor, um político, um governante, um Ministro da Educação se referir a esse vexame, e se comprometer com uma drástica mudança nesse quadro.
Será que um dia verei essa mudança? Mesmo aos 73 anos, já tendo mais passado do que futuro, e com pouco tempo para esperar, mantenho a Esperança. De pura teimosia.
COMENTÁRIO
A imprensa do contra está insinuando que esse desastre aconteceu porque o Presidente Bolsonaro extinguiu o Ministério do Meio Ambiente, e porque asseverou que irá mudar os critérios para os licenciamentos de obras.
Ora bolas. Os dois episódios tenebrosos somente confirmam as boas razões daquilo que fez e afirma o Presidente, pois foi sob aquela estrutura corrupta e ineficiente que se desenharam as duas tragédias.
Mas a palavra que melhor descreve o sentimento do povo brasileiro no momento é “vergonha”, apropriadamente lançada pelo lúcido Humberto Ellery em seu vigoroso artigo acima – ele que tem conhecimento de causa porque é químico, foi professor, foi militar de engenharia.
Ellery foi também diretor do Dnocs, que administra mais de 300 represas no Nordeste, e trabalhou nos corredores de Brasília, de modo que conhece bem a fauna que infecta aquele meio – as tais “criaturas do pântano político” a que Paulo Guedes referiu.
Sou leigo na matéria, e enfrento perplexidades. Pode-se até entender que o País fosse corrupto, e que por isso parlamentares financiados por empresas mineradoras negligenciassem na aprovação de leis severas que pudessem prevenir essas tragédias com estouros de barragens.
Também é fácil admitir que a fiscalização não acontecesse porque gente do Poder Executivo, por seu turno, “comesse bola” para não inspecionar essas represas de rejeitos. É claro que a força do dinheiro não se compadece com o risco ao meio ambiente e à vida de terceiros.
Mas, como entender que essa empresa se tenha exposto, de forma reiterada, ao risco enorme de arcar com os prejuízos financeiros que esses desastres ocasionam? Como dorme o empresário, sabendo que a qualquer momento pode ver se derramar ladeiras abaixo, rios abaixo, mar adentro, o seu precioso vil metal? Isso eu não entendo.
Ellery aponta a culpa da Universidade brasileira que não investe em extensão, e negligencia na atividade de pesquisa, furtando-se a desenvolver tecnologias e apresentar soluções práticas para a necessidades das empresas. A propósito, ele traz à colação reportagem do último Progama Fantástico sobre a possibilidade de se aproveitarem os rejeitos na confecção de tijolos, em vez de pretender acumulá-los ao infinito nessas crateras perigosas.
Pois em 22 de dezembro de 2015, após o estouro da barragem de Mariana, eu fiz publicar neste Blog o texto abaixo, no artigo intitulado "Incongruências Brasileiras", sugerindo exatamente a solução do aproveitamento dos rejeitos minerais na produção de pré-moldados, mesmo sem conhecer a sua viabilidade técnica. Ainda que atividade muito menos lucrativa que a mineração, seria de tamanha utilidade para o déficit de moradia no País.
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Reportagem da Globo News confirma agora, de forma científica, o que intuitivamente tenho dito neste Blog sobre as barragens de rejeitos. A lama que vazou das mineradoras mineiras provocou uma tragédia lamentável – que, entretanto, poderia ter sido evitada, se medidas preventivas tivessem sido adotados pelas empresas, impostas pelos órgãos competentes.
Têm-se demonizado a atividade econômica das mineradoras, deslembrando de que aquelas empresas davam milhares de empregos e eram a redenção econômica da região que vitimaram. O fato é que o projeto daquela indústria extrativa deveria ter sido obrigatoriamente consorciado com a produção de pré-moldados, usando-se o subproduto da extração de ferro para fabricar tijolo e cerâmica – em vez de acumulá-lo em represas perigosas.
No litoral do Estado do Espírito Santo não morreu peixe nenhum, porque na amplidão oceânica a diluição é bem maior, e os animais marinhos podem fugir para outras áreas não atingidas pela lama. De todo modo, em um par de anos tudo decantará inteiramente e o material ferroso, precipitado no fundo, talvez até fertilize o solo, estimulando o ecossistema. No mais, tudo é bobagem sensacionalista e denuncismo exagerado.
Reginaldo Vasconcelos
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A LAMA MINERAL

Têm-se demonizado a atividade econômica das mineradoras, deslembrando de que aquelas empresas davam milhares de empregos e eram a redenção econômica da região que vitimaram. O fato é que o projeto daquela indústria extrativa deveria ter sido obrigatoriamente consorciado com a produção de pré-moldados, usando-se o subproduto da extração de ferro para fabricar tijolo e cerâmica – em vez de acumulá-lo em represas perigosas.
Mas os malefícios do arrombamento são todos físicos e não químicos. Morreram peixes nos rios porque a sílica em suspensão obliterou a insolação, desoxigenou a água, provocou a desorientação espacial da fauna aquática e certamente lhes obstruiu as guelras – mas não matou por envenenamento, porque aqueles rejeitos não são tóxicos, conforme já confirmaram estudos realizados por universidades do Sudeste, muito mal divulgados.

Reginaldo Vasconcelos
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