sábado, 11 de junho de 2016

ARTIGO - Retroceder ao Inferno Velho (RV)


RETROCEDER AO 
INFERNO VELHO
Reginaldo Vasconcelos*

Tenho a convicção cravada de que quem defende a esquerda brasileira a essa altura é lesa-pátria, incluindo o advogado Cardoso e o Exército de Bracaleone que lidera, composto pelo grupo histriônico dos Senadores da República empenhado em perturbar a Comissão do Impeachment com toda sorte de manobras, ao modo exato daqueles alunos vagabundos do fundão da sala que incomodam os colegas e importunam os professores, para que as aulas não progridam.

Nem por isso defendo que a nossa direita no Governo seja composta por uma legião de patriotas, uma casta de vestais da política, sem jaça e sem pecados, movidos pelas mais nobres intenções. Mas está visto que o lulopetismo iludiu o povo e praticou a corrupção mais desvairada, destruiu a economia do País, acabou com a credibilidade da nossa Nação planeta afora, enfim, levou o Brasil à bancarrota pela administração mais desonesta e ruinosa que a historia registrou.

Alguém lembrará que não foi somente a esquerda que participou do desmantelamento da República e que partilhou o butim do “mensalão”, do “eletrolão”, do “petrolão”, “etcetrão”. Que não são somente o Lula e os lulistas que estão premidos pelas tenazes da operação “lava jato” da polícia e da Justiça Federal.

É verdade. Porém, todos esquecem que os direitistas envolvidos nos escândalos recentes eram todos aliados do Governo, eram, portanto, cúmplices de Lula da Silva e de Dilma Rousseff, cujo beneplácito era indispensável para que fraudassem e corrompessem as empreiteiras, de modo que são todos absolutamente iguais e indiferentes.

Sim. Collor e Sarney não são de esquerda e nunca foram, e, assim como Renan Calheiros, Eduardo Cunha e Romero Jucá, não estiveram na guerrilha do Araguaia, nem participaram da “luta armada”, nem jamais foram vistos empunhando bandeiras vermelhas, defendendo a utopia marxista, liderando sindicatos, reverenciando Che Guevara, aplaudindo os discursos suarentos e roufenhos de Lula da Silva, a soldo de pão com mortadela.

Então, a luta dos verdadeiros patriotas, neste momento, nos esforços pelo impeachment de Dilma, não é especificamente contra uma vertente ideológica, contra um grupo regular identificado, ou a favor de Michel Temer e sua trupe. Não. Na verdade o que se tem é uma cruzada cívica dos homens de bem confrontando a iniquidade, a ilicitude, a bandidagem oficial instituída e encravada no poder por dezesseis anos de desmandos e torpezas.

Uma malta de sicários sociopatas de todos os matizes, que vêm praticando estelionato eleitoral para se locupletarem no poder, mantém o povo inculto hipnotizado pelo discurso populista e a consciência nacional mais lúcida manietada em cativeiro, sequestrada por uma falsa conjuntura democrática – e o resultado final é o abismo moral e econômico em que a Nação precipitou-se. Não estamos tratando aqui de ponto de vista ou opinião. Estamos falando de fato notório e incontestável.

Lula e Dilma figuram no mesmo pacote de desastres mundiais contemporâneos de que fazem parte Hugo Chaves e Maduro, algozes da Venezuela; Cristina Kirchner, a viúva-negra da Argentina; Ahmadinejad, o carrasco dos direitos humanos no Iran; as Farc, cruéis terroristas paramilitares da Colômbia – e o que se possa citar de mais atrasado e perigoso mundo afora – sem se poder excluir inteiramente nem mesmo o Estado Islâmico, que Dilma se negou a reprovar, em vez disso defendendo manter com ele um delirante diálogo amigável.

Sim. É verdade, Temer não representa o perfeito salvador da pátria, o navio hospitalar que possa fazer o resgate da política brasileira, que está à deriva no oceano da incúria, para socorrer a Nação e curar suas mazelas com a mais avançada medicina – mas com certeza é a única tábua de salvação que se apresenta ao povo náufrago, envolto em crise e recessão, inflação e desemprego, balsa rústica que bem ou mal transporta a nossa única esperança de um dia dar na praia.

Vamos com Temer de déu em déu, expurgando os bandidos que ele reuniu para garantir apoio parlamentar, substituindo-os por outros, mas apoiando os expertos que ele convocou para socorrer a economia, na expectativa de que, quem sabe, uma epifania moral converta de repente o suspeitoso mordomo de filme de terror no lídimo estadista, dedicado, eficiente e honesto, de que desesperadamente precisamos. 

Temer é o que temos para o momento. Montemos nele com freios e esporas, e vamos em frente. Plebiscito? Novas eleições? Não há tempo nem verba para isso! Ademais, responder o quê? Votar em quem? Não dá para recorrer a acupuntura ou a homeopatia na UTI. Aliás, qualquer outra hipótese, da volta de Dilma  a um levante militar, seria retroceder ao mais profundo inferno velho. Que Deus se apiade de nossas almas!



COMENTÁRIO:

Caro Reginaldo

Leio hoje, aqui nos Estados Unidos, com muita satisfação, o seu magistral artigo intitulado Retroceder ao Inferno Velho, publicado no site de nossa ACLJ. Você fez uma brilhante retrospectiva do governo de Lula e Dilma não esquecendo, sequer, o relacionamento deles e o apoio aos governos ditatoriais, inclusive com o Estado Islâmico.

Você demonstrou por A mais B que os governos deles foram  das administrações mais desonestas e ruinosas que a história do nosso país já registrou. Quero parabenizá-lo pelo brilhante artigo, inclusive no apoio ao governo de Michel Temer, "que não sendo o ideal, mas é a nossa única taboa de salvação".

Cássio Borges

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