sábado, 12 de março de 2016

TEXTO INTRODUTÓRIO - Hélio Melo-Cruz Filho (VM)



 HÉLIO MELO – CRUZ FILHO
Notável da Língua/Sábio do Metro*
Vianney Mesquita**


A língua é o trajo do pensamento. (SAMUEL JONHSON. Moralista, linguista, poeta,     ensaísta e lexicógrafo inglês. (Y18.09.1709 – V13.12.1784).


Das referências várias que se fizeram a respeito do celebrado, ainda hoje, aedo sertanejo (José da) CRUZ FILHO (Canindé, 16.10.1894; Fortaleza, 24.08.1974), a que me parece mais completa, conquanto de intento resumida, é esta inserta na monografia intitulada Cruz Filho – Luminar da Poesia Cearense, uma joia da historiografia literária coestaduana, publicada pela Imprensa Universitária da U.F.C., Fortaleza, 1991, assinada pelo meu mestre Prof. Hélio de Sousa Melo, nos derradeiros tempos o maior filólogo e gramático cearense, membro-efetivo da Academia Brasileira da Língua Portuguesa, sob o patronato de Heráclito Graça.

Mencionado opúsculo enfeixa, com admirável poder de suma, a trajetória do Autor dos Poemas dos Belos Dias, em realce à relevância da vida e da obra de quem atingiu, conforme escreveu Dolor Barreira, [...] “com sucessivas etapas, alto renome, não só na poesia cearense, como na poesia do Brasil.

Não houvessem restado suficientes o zelo histórico e a fidelidade linguística do estimado mestre Hélio Melo, que pontificam na sua vasta produção ensaística, foi o nosso Autor contemporâneo do então Príncipe dos Poetas Cearenses, havendo privado de sua amizade em quase todo o curso de sua caminhada pela vida e pelo verso e pela Língua Portuguesa e pela História. Não experimentou, por conseguinte, a bruma do tempo o maior lance de amatar a verve, o engenho e o exemplo do distintíssimo canindeense, compatriota e parente do meu também preclaro professor Mário Barbosa Cordeiro (implicava, arrazoadamente, com meus adjetivos), que, por sinal, lhe honra o filo e dignifica a progênie.

Hélio Melo, em complemento e adução de vários autores que retrataram historicamente o bardo de Toda Musa, perlustra, neste ensaio de inexcedível valor histórico e estético, os diversos estádios da bibliografia cruzfilhiana, de modo a torná-lo vertente obrigatória para quem tenciona adentrar a existência e o metro do célebre cantor d’Os Cisnes, reproduzido em versão francesa pelo poeta Henri AllorgeAo longo do juncal que implexo e denso avança ...

O Professor Hélio de Sousa Melo é parte da bibliografia da nossa arte linguística e literária, por intermédio das obras Heráclito Graça, Grandeza e Simplicidade; Martinz de Aguiar, Apóstolo do Vernáculo; e Joel Linhares, mestre do Idioma, pinçadas de outras produções de considerável significação.

No livro sob notações, brinda-nos com a bibliografia de Cruz Filho, referindo-se, em outros belíssimos torneios, [...] à poesia abundante, relimada na ânsia da perfeição métrica e no castiço [...], consoante exprimiu o citado Dolor Barreira acerca do Ensaísta sertanejo de História do Ceará.

Situa-se, dessarte, o escritor Hélio Melo na aleia de estudiosos e críticos do Autor são-franciscano, na fila de Augusto Linhares, Hugo Victor Guimarães, Raimundo Girão, Raimundo de Menezes, Sânzio de Azevedo, Raimundo Araújo, Dolor Barreira, Nenzinha Galeno e Abdias Lima – no lance em que menciono somente alguns.

A dimensão intelectual de um criador textual da crase de Hélio de Sousa Melo assere, por si, a fidedignidade dessas letras deparadas na sua ora comentada produção. Para os que o não conhecem – diversamente de mim, que tive a ventura imensa de o ter como preceptor em Língua Portuguesa e de intimamente conviver em amizade no âmbito pessoal e da Academia Cearense da Língua Portuguesa, vizinhos de cátedras – acrescento o fato de que ele é diretamente proporcional a esse estilo correto, verdadeiro, leal, grandiloquente, como, v.g., na seção O Agnóstico, que me impressionou sobremodo: [...] E se há fraternidade no coração, há a presença de Deus.

Divisa-se, aí, a noção de que, sem sofismar, justifica o agnosticismo do Autor, concedendo a impressão de que é tocado por um especial ilapso paraclético, o sopro da Terceira Pessoa da Trindade.       


*Texto modificado do Prefácio da obra Cruz Filho – Luminar da Poesia Cearense. Fortaleza: Imprensa Universitária, 1991, publicado em MESQUITA, Vianney. Resgate de Ideias – Estudos e Expressões Estéticas. Fortaleza: Casa de José de Alencar-Imprensa Universitária, 1996. 192 p.



Nenhum comentário:

Postar um comentário