HÉLIO MELO – CRUZ FILHO
Notável da Língua/Sábio do
Metro*
Vianney Mesquita**
A língua é o trajo do pensamento. (SAMUEL JONHSON. Moralista,
linguista, poeta, ensaísta e
lexicógrafo inglês. (Y18.09.1709 – V13.12.1784).
Das
referências várias que se fizeram a respeito do celebrado, ainda hoje, aedo
sertanejo (José da) CRUZ FILHO (Canindé, 16.10.1894; Fortaleza, 24.08.1974), a
que me parece mais completa, conquanto de intento resumida, é esta inserta na
monografia intitulada Cruz Filho –
Luminar da Poesia Cearense, uma joia da historiografia literária
coestaduana, publicada pela Imprensa Universitária da U.F.C., Fortaleza, 1991,
assinada pelo meu mestre Prof. Hélio de Sousa Melo, nos derradeiros tempos o maior
filólogo e gramático cearense, membro-efetivo da Academia Brasileira da Língua
Portuguesa, sob o patronato de Heráclito
Graça.
Mencionado
opúsculo enfeixa, com admirável poder de suma, a trajetória do Autor dos Poemas dos Belos Dias, em realce à relevância da vida e da obra de
quem atingiu, conforme escreveu Dolor
Barreira, [...] “com sucessivas etapas, alto renome, não só
na poesia cearense, como na poesia do Brasil.
Não
houvessem restado suficientes o zelo histórico e a fidelidade linguística do
estimado mestre Hélio Melo, que pontificam na sua vasta produção ensaística,
foi o nosso Autor contemporâneo do então Príncipe dos Poetas Cearenses, havendo
privado de sua amizade em quase todo o curso de sua caminhada pela vida e pelo
verso e pela Língua Portuguesa e pela História. Não experimentou, por
conseguinte, a bruma do tempo o maior lance de amatar a verve, o engenho e o
exemplo do distintíssimo canindeense, compatriota e parente do meu também
preclaro professor Mário Barbosa Cordeiro (implicava, arrazoadamente, com meus
adjetivos), que, por sinal, lhe honra o filo e dignifica a progênie.
O
Professor Hélio de Sousa Melo é parte da bibliografia da nossa arte linguística
e literária, por intermédio das obras Heráclito
Graça, Grandeza e Simplicidade; Martinz de Aguiar, Apóstolo do Vernáculo; e
Joel Linhares, mestre do Idioma, pinçadas de outras produções de
considerável significação.
No
livro sob notações, brinda-nos com a bibliografia de Cruz Filho, referindo-se,
em outros belíssimos torneios, [...] à
poesia abundante, relimada na ânsia da perfeição métrica e no castiço [...],
consoante exprimiu o citado Dolor Barreira acerca do Ensaísta sertanejo de História do Ceará.
Situa-se,
dessarte, o escritor Hélio Melo na aleia de estudiosos e críticos do Autor
são-franciscano, na fila de Augusto Linhares, Hugo Victor Guimarães, Raimundo
Girão, Raimundo de Menezes, Sânzio de Azevedo, Raimundo Araújo, Dolor Barreira,
Nenzinha Galeno e Abdias Lima – no lance em que menciono somente alguns.
A
dimensão intelectual de um criador textual da crase de Hélio de Sousa Melo
assere, por si, a fidedignidade dessas letras deparadas na sua ora comentada
produção. Para os que o não conhecem – diversamente de mim, que tive a ventura
imensa de o ter como preceptor em Língua Portuguesa e de intimamente conviver
em amizade no âmbito pessoal e da Academia Cearense da Língua Portuguesa,
vizinhos de cátedras – acrescento o fato de que ele é diretamente proporcional
a esse estilo correto, verdadeiro, leal, grandiloquente, como, v.g., na seção O Agnóstico, que me impressionou sobremodo: [...] E se há fraternidade no coração, há a
presença de Deus.
Divisa-se,
aí, a noção de que, sem sofismar, justifica o agnosticismo do Autor, concedendo
a impressão de que é tocado por um especial ilapso paraclético, o sopro da
Terceira Pessoa da Trindade.
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