segunda-feira, 7 de março de 2016

CRÔNICA - O Ladrão Já Nasce Feito (HE)


O LADRÃO JÁ NASCE FEITO
Humberto Ellery



Como diria Dilma Rousseff, eu estou “estarrecido” com a enorme quantidade de pessoas de bem se dizendo decepcionadas com Luiz Inácio Lula da Silva. Várias delas admitindo que votaram nele (mais de uma vez), e só agora se deram conta de seu equívoco. Daí sua profunda e angustiosa frustração.

Toda sorte, antes tarde do que nunca. Almas ingênuas demoram a perceber o mal, mesmo estando ele bem diante dos seus narizes. Pessoas de bem, incapazes de praticar desonestidades, costumam aquilatar os outros a partir de suas convicções, seus padrões éticos e morais. Por serem muito crédulas, não conseguem imaginar gente de índole tão má. Seu raciocínio, sempre reto, as impede de perceber malícia no pior bandido, daí serem as vítimas preferenciais dos destituídos de caráter.

Eu até louvo os arrependidos, pelo que de generoso demonstram com sua ingenuidade, mesmo sendo culpadas pelo estado de coisas a que o seu voto levou o nosso país. Sim. Os realmente petistas ideológicos são aproximadamente 30% do eleitorado, de modo que os demais votos saem dessa enorme massa de ingênuos. Contraditoriamente, as eleições no Brasil têm sido decididas pelos chamados “indecisos”.
 

Mas o que realmente me incomoda é citarem com frequência a máxima do Lord Acton: “O poder corrompe; o poder absoluto corrompe absolutamente”. A partir desse aforismo equivocado, tentam passar a ideia marota de um Lula originalmente honesto, “que se deixou levar pelas tentações da riqueza e do poder”. Coitadinho!!!

O adágio de Lord Acton, se verdadeiro, condenaria a humanidade a uma devassidão total, uma completa destruição da Ética e da Moral e até da convivência pacífica entre os homens. Até porque a frase é citada sempre de modo incompleto, pois, se bem traduzido, ele afirmou de fato que “o poder tende a corromper...”.

Poder-se-ia listar pessoas que exerceram, e exercem um grande poder na História, e que se mantiveram íntegras, honradas, honestas. São a imensa maioria.

Esse discurso de que “tudo é farinha do mesmo saco”, e que “todo político é ladrão” interessa ao PT, e eles o utilizam assacando mentiras e “dossiês” fajutos contra seus adversários, “assassinando reputações”, pois uma vez nivelando todos pelo seu baixo padrão, fica mais fácil a manutenção do poder em suas mãos, pelo desinteresse e pela apatia que os desvios deontológicos trariam ao nosso povo. Na verdade não é a política que transforma os homens em ladrões, mas é o voto irresponsável que transforma em ladrões alguns políticos. 

Prefiro acreditar no Bruxo do Cosme Velho, o inigualável Machado de Assis, que pontificou: “A ocasião não faz o ladrão, faz o roubo; o ladrão já nasce feito”. É isso aí!





COMENTÁRIO:

Ouso dissentir da assertiva que o confrade expressa desde o título de sua crônica, apud Machado de Assis, o que potencializa a minha ousadia. Não creio que o ladrão já nasça feito.

Vou melhor a Lord Acton, pois acredito que tudo é meramente “tendência”, que se converte em conduta, e depois em vício, quando a oportunidade aparece e o demônio mostra o rabo.

Para mim, há aqueles que só não delinquem quando não podem, outros que se comportam bem porque têm medo do “castigo”, e ainda os poucos que não saem da linha, mesmo que grandes vantagens se insinuem, e o risco pareça mínimo, por convicção do dever moral.

Mas, a partir da tendência inata, de cunho genético, tudo mais é determinado pela educação e a experiência, opondo a racionalidade à tentação, à inveja e à cobiça.

Lula da Silva, a meu ver, não nasceu mau, nem pretende sê-lo hoje. Ele não entende de ética, mas tornou-se um fenômeno do arrivismo político, mestre em simular, em dissimular, em iludir, em falsear, de modo a enganar os simples (que são a maioria votante no País) e com isso prosperar.

Dessa sua habilidade se aproveitaram, a princípio a esquerda socialista, para chegar ao poder e fazer as suas patacoadas bolivarianas, e depois a direita das elites, que com a sua ajuda praticou o mais desvairado “capitalismo selvagem”, como temos assistido sobre as grandes empreiteiras.

Aliás, não há analogia mais perfeita do que aquela feita pelo próprio Lula, entre ele mesmo e uma serpente sertaneja. A jararaca é um animal peçonhento, rastejante e covarde, que se faz passar por folhas secas para envenenar as suas vítimas, às mais das vezes passarinhos incautos e ratinhos ciciantes. Essa é realmente a imagem mais apropriada que se pode ter a respeito dele. Jararaca não é solidária a ninguém, devora até as próprias crias que nela confiarem, e está sempre se esgueirando do cajado dos valentes. 

Reginaldo Vasconcelos
   

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