ERROS HÍDRICOS
Cássio Borges*
Ainda
há muito que se discutir em torno deste tema dos recursos hídricos especialmente
no Estado do Ceará, "o Estado mais avançado em recursos hídrico do Nordeste"
segundo a propaganda oficial. A meu ver,
é exatamente o contrário. E provo por A mais B que tudo o que se faz aqui tem o DNA do faraonismo
(irreversível).
Por
exemplo, nunca imaginei que alguém de bom senso, especialmente sendo
engenheiro, um dia viesse a declarar que a Barragem do Castanhão poderia ser
ampliada, portanto maior do que ela já é, comprovadamente superdimensionada.
Pois foi o que ouvi dizer o Secretário de Recursos Hídricos do Estado do Ceará,
Francisco Teixeira, no recente V Simpósio Brasileiro sobre Barragens, realizado
aqui em Fortaleza, ao qual estive
presente.
Não
basta a irracionalidade de se construir uma obra próxima do litoral (160
quilômetros de distância), em uma seção do Rio Jaguaribe já perenizada pelos
Açudes Orós e Banabuiú (um
inominável erro de engenharia), de ter uma superacumulação de 6,7 bilhões de
metros cúbicos d'água e no final de tanto despautério se ter uma vazão de
apenas 10 m³/s, inferior à do Açude Orós, isto é, 12 m³/s, cuja acumulação é de 2 bilhões de metros cúbicos.
Quanta irracionalidade!, eu repito.
Se
o ilustre Secretário acha que ainda há água suficiente para ser acumulada no
Rio Jaguaribe, porque não considerar este seu propósito com a
construção do Açude Castanheiro, no Rio Salgado, o principal afluente do
Rio Jaguaribe por sua margem direita?
Por que não construir, por exemplo,
o Açude Aurora, também na bacia do Rio Salgado, que já foi considerado pelo
extinto DNOS (Departamento Nacional de Obras de Saneamento) o pulmão do Projeto de Integração do Rio
São Francisco?
Em entrevista, publicada no Blog do ilustre jornalista
Roberto Moreira, o Sr. Secretário diz, de uma forma implícita, que a COGERH, com seus mais de 700
servidores “foi criada para cobrar a
água dos açudes do DNOCS” e faz
comparação com os 1.500 funcionários daquele Departamento Federal que tem sobre
si as ações de cinco importantes atividades em toda a nossa Região.
Que
os confrades da ACE tirem as suas próprias conclusões. E me pergunto: o que faz
a SOHIDRA (Superintendência de Obras Hidráulicas) e a própria Secretaria de Recursos
Hídricos do Ceará? Quantos servidores tem o Estado do Ceará cuidando somente
desta questão dos recursos hídricos nas três entidades acima citadas? Duas ou
três vezes mais do que o DNOCS, de que o Dr. Teixeira pretendeu a extinção, transferindo, na sua curta permanência no Ministro da Integração Nacional, as
suas atribuições para a CODEVASF? De que
forma esses erros contra a Região Nordeste, especialmente no que se refere ao
Estado do Ceará, podem ser corrigidos?
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