terça-feira, 29 de março de 2016

ARTIGO - Erros Hídricos (CB)

ERROS HÍDRICOS
Cássio Borges*


Ainda há muito que se discutir em torno deste tema dos recursos hídricos especialmente no Estado do Ceará,  "o Estado mais avançado em recursos hídrico do Nordeste" segundo a  propaganda oficial. A meu ver, é exatamente o contrário. E provo por A mais B que tudo o que se faz aqui tem o DNA do faraonismo (irreversível).

Por exemplo, nunca imaginei que alguém de bom senso, especialmente sendo engenheiro, um dia viesse a declarar que a Barragem do Castanhão poderia ser ampliada, portanto maior do que ela já é, comprovadamente superdimensionada. Pois foi o que ouvi dizer o Secretário de Recursos Hídricos do Estado do Ceará, Francisco Teixeira, no recente V Simpósio Brasileiro sobre Barragens, realizado aqui em Fortaleza,  ao qual estive presente.

Não basta a irracionalidade de se construir uma obra próxima do litoral (160 quilômetros de distância), em uma seção do Rio Jaguaribe já perenizada pelos Açudes Orós e Banabuiú (um inominável erro de engenharia), de ter uma superacumulação de 6,7 bilhões de metros cúbicos d'água e no final de tanto despautério se ter uma vazão de apenas 10 m³/s, inferior à do Açude Orós, isto é, 12 m³/s,  cuja acumulação é de 2 bilhões de metros cúbicos.  Quanta irracionalidade!, eu repito.

Se o ilustre Secretário acha que ainda há água suficiente para ser acumulada no Rio Jaguaribe, porque não considerar este seu  propósito com a construção do Açude Castanheiro, no Rio Salgado, o principal  afluente do  Rio Jaguaribe por sua margem direita? 

Por que não construir, por exemplo, o Açude Aurora, também na bacia do Rio Salgado, que já foi considerado pelo extinto DNOS (Departamento Nacional de Obras de Saneamento) o pulmão do Projeto de Integração do Rio São Francisco? 

Em entrevista, publicada no Blog do ilustre jornalista Roberto Moreira, o Sr. Secretário diz, de uma forma implícita, que a COGERH, com seus mais de 700 servidores “foi criada para cobrar a água dos açudes do DNOCS” e faz comparação com os 1.500 funcionários daquele Departamento Federal que tem sobre si as ações de cinco importantes atividades em toda a nossa Região.  

Que os confrades da ACE tirem as suas próprias conclusões. E me pergunto: o que faz a SOHIDRA (Superintendência de Obras Hidráulicas) e a própria Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará? Quantos servidores tem o Estado do Ceará cuidando somente desta questão dos recursos hídricos nas três entidades acima citadas? Duas ou três vezes mais do que o DNOCS, de que o Dr. Teixeira pretendeu a extinção, transferindo, na sua curta permanência no Ministro da Integração Nacional, as suas atribuições para a CODEVASF?  De que forma esses erros contra a Região Nordeste, especialmente no que se refere ao Estado do Ceará, podem ser corrigidos?


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