MUITA ÁGUA SUJA
Humberto Ellery*
Nos
dias finais de 1984 vivíamos em Brasília uma grande efervescência política, com
as campanhas de Tancredo Neves e Paulo Maluf empolgando a disputa no Colégio
Eleitoral, que se daria em 15 de janeiro de 1985.
Foi
quando o Governador Adauto Bezerra resolveu fazer de sua adesão a Tancredo um
grande fato político. Decisivo até!
Para
tanto, reuniu toda a bancada de deputados “adautistas”, convencionais,
prefeitos e simpatizantes, e anunciou lá em Brasília, com grande estardalhaço,
seu embarque na vitoriosa campanha do Dr. Tancredo. Uma beleza... eu estava lá!
Naquela
noite houve um grande jantar comemorativo na casa do Paulo Lustosa, que tinha
sido o grande artífice daquele acordo. O Dr. Tancredo, muito simpático e afável,
não chegava para tantos abraços.
Lembro
que na ocasião eu estava bastante incomodado com movimentos que percebi entre
muitos políticos aproveitadores, desonestos e bajuladores, que, no país
inteiro, estavam “virando a casaca” para se chegar à chapa afinal vitoriosa.
Lá pelas tantas, durante o jantar, um repórter fez ao Dr. Tancredo uma pergunta, muito mais uma provocação, acerca do que ele pensava daqueles arrivistas. Era a pergunta que estava entalada na minha garganta. Aproximei-me ainda mais para ouvir a resposta. A velha raposa mineira, sorriso irônico nos lábios, respondeu com uma interessante figura retórica: “Meu filho, o que enche o rio é água suja”.
Lá pelas tantas, durante o jantar, um repórter fez ao Dr. Tancredo uma pergunta, muito mais uma provocação, acerca do que ele pensava daqueles arrivistas. Era a pergunta que estava entalada na minha garganta. Aproximei-me ainda mais para ouvir a resposta. A velha raposa mineira, sorriso irônico nos lábios, respondeu com uma interessante figura retórica: “Meu filho, o que enche o rio é água suja”.
Estou
recordando esse fato porque percebo alguns pronunciamentos e movimentos,
ainda discretos, os quais me levam a crer que para salvar o PT do naufrágio
iminente, os petistas resolveram lançar cargas ao mar, e a carga mais pesada e
incômoda do navio PT, verdadeiro container sem alças, atende pelo
nome de Dilma Rousseff.
Ainda
é apenas um feeling, mas acho que faz parte da estratégia do PT
embarcar no “Fora Dilma”, partir para uma oposição violenta, como só os
petistas sabem fazer, impinchá-la e chamar o Salvador da Pátria, o Lula,
para “consertar” a porcaria que ela fez. Tudo culpa dela!
Com
isso, nossas passeatas do “Fora Dilma” passarão a contar com os Cumpanheiros
da UNE, do MST, MTST, black blocs e quejandos.
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