segunda-feira, 2 de maio de 2016

APRECIAÇÃO LITERÁRIA - Loções de Uma Vida (VM)



LIÇÕES DE UMA VIDA*
Vianney Mesquita**


A obra perpetua o homem. (Quinto HORÁCIO Flaco).


Lições de vida, manifestação de desprendimento em relação a bens materiais e expressão de copiosa existência estão enfeixadas neste volume, editado pela Academia Cearense de Odontologia, organizado pelo amigo, acadêmico Dr. Joarez Porto, imortal desse Sodalício, com o concurso da minha mais ilustre patrícia, Prof.a. Dr.a Grasiela Teixeira Barroso, a respeito deste homem extraordinário – Sérvulo Mendes Barroso.
Reportando-me à epígrafe horaciana, eis a vida de Sérvulo a coincidir com a própria obra, edificada na plenitude, durante toda a sua passagem terrena, identificada na liderança, havida como modelo e feita exemplo a ser obedecido pelos seus circunstantes.

A prova de que a expressão Non omnia moriar (“Não morrerei completamente”), ao modo como o extraordinário Horácio, autor de Epodos e Sátiras, quis eternizar os homens operosos, está no delineamento do perfil de Sérvulo Mendes Barroso – o mestre de Pernambuquinho (Município de Guaramiranga-CE) – de suas feições humanitárias, da bonomia e do caráter inatacável, qualidades tão bem configuradas pelos seus amigos, a quem parece ainda estar entre nós, tão profundo foram marcadas as relações.

Existe a saudade, é claro, mas é uma evocação deliciosa, sem prantos nem delírios, como se ele estivesse no nosso plano vital. A obra, entretanto, configurada no espírito, lhe substitui a matéria, prolongada indefinidamente na memorização constante dos feitos humanos que tanto o aproximavam de Deus.

Experimentei a dita de conhecê-lo. Minha família em Palmácia travou estreitas relações com a Doutora Grasiela – sua mulher - e os Coelhos Teixeiras, filhos de João Teixeira e Giselda, sobrinhos da Grasiela, de sorte que a todos eles somos agradecidos pela convivência harmoniosa, amizade sem interesses e, sobretudo, orientação relativamente aos filhos, pois ambas são famílias muito prolíferas.

Por essa tabela, conheci o engenheiro Marcos Stênio Nepomuceno Teixeira, cunhado do Dr. Sérvulo, causando-me a maior espécie, mas também a máxima admiração, o fato de ele, por meio do Sérvulo Barroso, torcer pelo Gentilândia, embora eu também fosse simpatizante do Nacional, havendo assistido, algumas vezes, ao “Clássico das Almas”, com meia dúzia de assistentes no Presidente Vargas.

Veja, leitor, a história sincera da personalidade de Sérvulo Mendes Barroso (13.09.1923 – Fortaleza, 23.08.1986). Siga-lhe as pegadas para se haver bem nesta e na outra vida. No fim, agradeça ao Criador por haver nascido e pertencido à mesma espécie de que ele fez parte em matéria e cuja produção se expande por indefinido ou até a denominada “consumação dos séculos”.

Sejamos, ao menos, parecidos com ele... E a Humanidade, decerto, será diferente para bem melhor.
         

*Texto transferido, com modificações, de Repertório Transcrito – Notas Críticas Ativas e Passivas. Sobral: Edições UVA, 2003.


Nenhum comentário:

Postar um comentário