MANHAS E ARTIMANHAS
Reginaldo Vasconcelos*
A expressão do título é da demissionária
Presidente Dilma Rousseff, e representa a mais perfeita carapuça para a cabeça
dela mesma. “Quem disso usa, disso cuida”, diz o velho provérbio, perfeitamente
aplicável neste caso.
Dilma atribui “manhas e artimanhas” aos
seus inimigos, generalizados e difusos:
a imprensa livre;
o “ingrato” Procurador Geral da República;
o Juiz Moro;
a “República de Curitiba”;
os ministros “acovardados” do Supremo Tribunal Federal;
os ministros “acovardados” do Supremo Tribunal Federal;
os “anjos decaídos” que
até recentemente foram aliados no Governo;
os empresários honestos que
não fizeram doações oficiais ao PT, e não contrataram palestras do Lula a peso
de ouro com dinheiro da Petrobrás;
os seis milhões de
pessoas que saíram às ruas para bradar por “Fora Dilma”;
os próceres da oposição –
enfim, todas as “forças do atraso” e as “elites conservadoras” que combatem o
lulopetismo.
Acontece que a conduta manhosa e cavilosa
tem sido peculiar aos petistas em geral, desde quando Lula editou a “Carta aos
Brasileiros” e patrocinou o “Foro de São Paulo”.
Manha se verifica quando Lula se diz
socialista e se mancomuna com o que há de pior na política de direita e no
empresariado brasileiro.
Artimanha é Lula alegar, no primeiro
momento, que o mensalão seria perdoável porque é prática comum na política
nacional; em seguida, que o episódio aconteceu porque ele foi traído pela sua
equipe de Governo; depois, que o mensalão não aconteceu, mas foi inventado
pelas forças do atraso.
Mas a grande manha e artimanha a um só
tempo é a versão de que Dilma, José Genuíno, Fernando Pimentel, José Dirceu, e
outros quejandos, tenham lutado pela democracia, tendo sido presos e torturados
porque pretendessem liberdades democráticas.
Esse pessoal pretendia de fato instalar no
Brasil uma ditadura de esquerda, que ainda bem não prosperou. Para isso andaram
praticando terrorismo – assaltando bancos, sequestrando autoridades, investindo
contra tropas do Exército, na chamada “luta armada”, ou “guerrilha urbana”, que
não recomenda a biografia de ninguém.
Então, é verdade que essas pessoas combateram
a ditadura de direita, que foi resultado da ameaça comunista que elas mesmas
provocaram – mas elas não objetivavam a democracia.
Quem lutou pela normalidade democrática – e
alguns foram injustamente perseguidos pela repressão – foram advogados,
jornalista e religiosos que apoiaram o golpe militar no primeiro momento, mas
depois se insurgiram contra as atrocidades cometidas contra os militantes nos
porões da ditadura, caso emblemático do velho Heráclito de Sobral Pinto.
Por outro lado, além de integrantes da
esquerda não se haverem sacrificado pelas amplas liberdades, e de não terem
sido vítimas inocentes, ao contrário do que dizem hoje, a esquerda também se
recusou a assinar a Constituição de 1988 – e agora, sofrendo o impeachment, o governo petista invoca os
princípios democráticos, que nunca defenderam, brandindo a Carta Magna, que
eles mesmos rejeitaram. Isso é que são manhas e artimanhas.
Manhas e artimanhas estão entrevistas nas
frases de Lula – “eles não sabem do que somos capazes para reeleger a Dilma” – e
da própria Dilma – “A gente faz o diabo para vencer eleições” – expressões que
traem a filosofia cavilosa que norteia o seu partido.
Vade Retro!
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