quinta-feira, 19 de maio de 2016

APRECIAÇÃO LITEROCIENTÍFICA - Inteireza Volitiva (VM)



INTEIREZA VOLITIVA
E ABATIMENTO DA VONTADE
Vianney Mesquita*


De que serve um livro que não nos saiba conduzir a ultrapassar todos os livros? (NIETZSCHE).




Têm curso na contingência da vida em sociedade dois conceitos de significações e realidades transversalmente opósitas. O primeiro, porque habita a correção e coincide com a estrita orientação assentada na decência, não resulta muito fácil de seguir e honrar, ao passo que o outro repousa na debilidade do espírito e se presta, com rapidez, à condução do ser humano até a desordem absoluta, caso não lhe seja interposto, com certa pressa, um amparo eficaz.

A integridade retrata a ideia inicial, conforme a etimologia latina sugere, característica daquilo a se expressar inteiro, íntegro, jamais tendo sido objeto de qualquer redução. Por enunciado motivo, exempli gratia, conforma a noção de uma pessoa ilesa, intacta, pois não molestada, nem atingida e tampouco agredida na sua incolumidade, principalmente ética, moral e deontológica, qualidades que a traduzem como honesta e incorruptível, e cujos atos e comportamentos são irrepreensíveis.

Pelos ideais de integridade, retidão e honestidade ora manifestos, não remanesce natural, entretanto, singularizar alguém com esse perfil, porquanto os hominídeos trazem em si, atavicamente, o germe do defeito, o embrião do pecado, a raiz da imperfeição, sem que isto signifique, porém, exprimir a conceição de inexistir alguém com ditas feições. À convicção, todavia, aqueles assim postados não revelam a parcela maior da sociedade, conquanto essa estatística não desanime o percentual humano de fora deste contingente a demandar o contorno das circunstâncias da correção, a fim de conquistar o estatuto do ser humano integral, dotado, pois, do caráter de integridade.

O segundo entendimento motor desta apostilha assenta em ideação contrária ao conceito glosado há instantes, pois representa o enfraquecimento da vontade, denotativo da raiz grega de acédia, vocábulo procedente de akedia, semelhante a tibieza, inércia, tristeza profunda. Diversamente do termo anterior – integridade – o desdobramento desses maus atributos é sucedido com vera facilidade pelo ente humano, principalmente se ele visita ou habita a infelicidade em seus mais diversificados desvãos, em regra e com exceções, conducente ao estádio do desordenamento mental, de que são próprios a apatia, o descuido e a melancolia.

Sob o prisma teológico, acedia corresponde à incapacidade de arrostar decisões advindas da própria vontade, a chamada “abulia (ou disabulia) espiritual” no concernente à prática das virtudes, em particular, no que diz respeito ao distanciamento do culto e da vinculação com Deus, em estado de prostração e condição de azedia – este seu sinônimo perfeito e de mesma cepa helena.

Com a finalidade, pois, de achegar o ente humano à integridade, à qual em tempo algum atingiu ou a perdeu parcialmente, e, a igual tempo, libertá-lo de momentos ou estados terminantemente acediosos, chega ao mercado editorial brasileiro um remédio dotado de princípio ativo irrestritamente adequado, proveniente da farmacologia inteligente e culta de Luciano Melo, aqui aportando num momento em que nosso País experimenta uma crise político-institucional, moral e ética de grandes proporções, propício, ipso facto, à recepção, por parte de seus nacionais, de conteúdos tão dignificantes.

Ele estreia em grande estilo, com trabalho de supina qualidade, fato garante de êxito como futuro escritor, com verve, engenho e classe escritural para conquistar adeptos de suas técnicas, os quais, seguramente, ao empregarem seus exercícios, vão extrair os melhores proveitos, conforme o próprio escrevinhador desde comentário já confirmou quando achou de testificar boa parte das práticas oferecidas.

Intitula-se Buscando a Integridade Perdida, com o selo da novel Editora Bipe, de Fortaleza-CE, cujo sucesso, a julgar pelos seus teores alçadamente consistentes e de resultados práticos comprovados em sessões grupais em locus adequados, vai abrir caminhos para batizar no Jordão editorial brasileiro outras produções de qualidade incontroversa, tais como se exibem os teores do trabalho ora trazido a lume.

Assentado em literatura de qualidade e afeito, porém não subserviente, aos ditames da Ciência, à qual recorre em constância no decurso de todos os ensinamentos sentenciosos aqui agrupados, o Autor oferece aos seus consulentes, em linguagem simples, porém correta, escorreita e digna – sem descender, no entanto, à vulgaridade – um conjunto de desempenhos psicofísicos, antecedidos de teoria já comprovada, numa relação simbiôntica dos passos da informação teórica com o andamento da técnica exercitada, imediatamente posterior às informações prático-científicas de fundo.

Nos chamados textos de autoajuda, a pessoa emprega seus sortimentos morais e intelectuais para escopos de cunho prático ou a fim de resolver problemas no contexto psicológico, nem sempre logrando bons resultados, em virtude, nas mais das vezes, das diferenças de grau entre as questões expressas pelos autores e as sensações dos leitores.

Em Buscando a Integridade Perdida – que não se enquadra como escrito de autoadjutório – Luciano Melo representa um tertius na ajuda, recorrendo, em ação elevadamente professoral, aos indicadores literários de excepcional procedência, jungidos à sua experiência docente, a fim de aprestar seus consultantes da prontidão necessária com vistas à consecução da Inteireza Volitiva e no intento vitorioso de rechaçar o Abatimento da Vontade.

Guardo a convicção de que este grandioso livro, seguramente, obterá o maior êxito editorial e precederá outras produções da mesma temática e de semelhante grandeza.

          

*Vianney Mesquita é professor-Adjunto IV da Universidade Federal do Ceará. Acadêmico-Titular das Academias Cearense de Literatura e Jornalismo 
e Cearense da Língua Portuguesa. 
Árcade-imortal-Fundador da Arcádia Nova Palmaciana. 
Escritor e Jornalista.

       

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