INTEIREZA VOLITIVA
E ABATIMENTO DA VONTADE
Vianney Mesquita*
Têm
curso na contingência da vida em sociedade dois conceitos de significações e
realidades transversalmente opósitas. O primeiro, porque habita a correção e
coincide com a estrita orientação assentada na decência, não resulta muito
fácil de seguir e honrar, ao passo que o outro repousa na debilidade do espírito
e se presta, com rapidez, à condução do ser humano até a desordem absoluta,
caso não lhe seja interposto, com certa pressa, um amparo eficaz.
A
integridade retrata a ideia inicial,
conforme a etimologia latina sugere, característica daquilo a se expressar
inteiro, íntegro, jamais tendo sido objeto de qualquer redução. Por enunciado
motivo, exempli gratia, conforma a
noção de uma pessoa ilesa, intacta, pois não molestada, nem atingida e tampouco
agredida na sua incolumidade, principalmente ética, moral e deontológica,
qualidades que a traduzem como honesta e incorruptível, e cujos atos e
comportamentos são irrepreensíveis.
Pelos
ideais de integridade, retidão e
honestidade ora manifestos, não remanesce natural, entretanto, singularizar
alguém com esse perfil, porquanto os hominídeos trazem em si, atavicamente, o
germe do defeito, o embrião do pecado, a raiz da imperfeição, sem que isto signifique,
porém, exprimir a conceição de inexistir alguém com ditas feições. À convicção,
todavia, aqueles assim postados não revelam a parcela maior da sociedade,
conquanto essa estatística não desanime o percentual humano de fora deste
contingente a demandar o contorno das circunstâncias da correção, a fim de
conquistar o estatuto do ser humano integral, dotado, pois, do caráter de integridade.
O
segundo entendimento motor desta apostilha assenta em ideação contrária ao
conceito glosado há instantes, pois representa o enfraquecimento da vontade,
denotativo da raiz grega de acédia, vocábulo procedente de akedia, semelhante a tibieza, inércia, tristeza profunda.
Diversamente do termo anterior – integridade
– o desdobramento desses maus atributos é sucedido com vera facilidade pelo
ente humano, principalmente se ele visita ou habita a infelicidade em seus mais
diversificados desvãos, em regra e com exceções, conducente ao estádio do
desordenamento mental, de que são próprios a apatia, o descuido e a melancolia.
Sob
o prisma teológico, acedia
corresponde à incapacidade de arrostar decisões advindas da própria vontade, a
chamada “abulia (ou disabulia) espiritual” no concernente à prática das
virtudes, em particular, no que diz respeito ao distanciamento do culto e da
vinculação com Deus, em estado de prostração e condição de azedia – este seu sinônimo perfeito e de mesma cepa helena.
Com
a finalidade, pois, de achegar o ente humano à integridade, à qual em tempo algum atingiu ou a perdeu parcialmente,
e, a igual tempo, libertá-lo de momentos ou estados terminantemente acediosos, chega ao mercado editorial
brasileiro um remédio dotado de princípio ativo irrestritamente adequado,
proveniente da farmacologia inteligente e culta de Luciano Melo, aqui aportando
num momento em que nosso País experimenta uma crise político-institucional,
moral e ética de grandes proporções, propício, ipso facto, à recepção, por parte de seus nacionais, de conteúdos
tão dignificantes.
Ele
estreia em grande estilo, com trabalho de supina qualidade, fato garante de
êxito como futuro escritor, com verve, engenho e classe escritural para
conquistar adeptos de suas técnicas, os quais, seguramente, ao empregarem seus
exercícios, vão extrair os melhores proveitos, conforme o próprio escrevinhador
desde comentário já confirmou quando achou de testificar boa parte das práticas
oferecidas.
Intitula-se
Buscando a Integridade Perdida, com o
selo da novel Editora Bipe, de Fortaleza-CE, cujo sucesso, a julgar pelos seus
teores alçadamente consistentes e de resultados práticos comprovados em sessões
grupais em locus adequados, vai abrir
caminhos para batizar no Jordão editorial brasileiro outras produções de
qualidade incontroversa, tais como se exibem os teores do trabalho ora trazido
a lume.
Assentado
em literatura de qualidade e afeito, porém não subserviente, aos ditames da
Ciência, à qual recorre em constância no decurso de todos os ensinamentos
sentenciosos aqui agrupados, o Autor oferece aos seus consulentes, em linguagem
simples, porém correta, escorreita e digna – sem descender, no entanto, à
vulgaridade – um conjunto de desempenhos psicofísicos, antecedidos de teoria já
comprovada, numa relação simbiôntica dos passos da informação teórica com o
andamento da técnica exercitada, imediatamente posterior às informações
prático-científicas de fundo.
Nos
chamados textos de autoajuda, a pessoa emprega seus sortimentos morais e
intelectuais para escopos de cunho prático ou a fim de resolver problemas no
contexto psicológico, nem sempre logrando bons resultados, em virtude, nas mais
das vezes, das diferenças de grau entre as questões expressas pelos autores e
as sensações dos leitores.
Em
Buscando a Integridade Perdida – que
não se enquadra como escrito de autoadjutório – Luciano Melo representa um tertius
na ajuda, recorrendo, em ação elevadamente professoral, aos indicadores
literários de excepcional procedência, jungidos à sua experiência docente, a
fim de aprestar seus consultantes da prontidão necessária com vistas à
consecução da Inteireza Volitiva e no intento vitorioso de rechaçar
o Abatimento da Vontade.
Guardo
a convicção de que este grandioso livro, seguramente, obterá o maior êxito
editorial e precederá outras
produções da mesma temática e de semelhante grandeza.
*Vianney
Mesquita é professor-Adjunto IV da Universidade Federal do Ceará. Acadêmico-Titular
das Academias Cearense de Literatura e Jornalismo
e Cearense da Língua
Portuguesa.
Árcade-imortal-Fundador da Arcádia Nova Palmaciana.
Escritor e
Jornalista.
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