sexta-feira, 2 de outubro de 2015

ARTIGO - O Cearense e Dorothy Lamour (WI)

O CEARENSE E
DOROTHY LAMOUR
Wilson Ibiapina*


Dorothy Lamour
Com amor te matei
Sereia/
Na areia do cinema
Dorothy Lamour
Com ardor te adorei
No drama da primeira fila.”


É assim que começa o poema de Fausto Nilo, depois musicado por Petrúcio Maia.

Naquele tempo, todos os jovens eram apaixonados pela artista norte-americana, nascida em Louisiana. Ela foi Miss Nova Orleans de 1931 e sonhava ser cantora. Virou atriz aos 22 anos. Começou a fazer sucesso quando apareceu nas telas em trajes mínimos e sensuais, no papel de uma garota das selvas, num filme ao estilo de Tarzan. 

O papel de “Ulah” tornou-a a atriz mais cobiçada, sex-symbol do cinema americano. Virou diva. Foi assim que ela chegou às telas de Fortaleza. Aparecia com pouca roupa, despertando a fantasia e o desejo dos adolescentes. Participou de mais de 60 filmes. Atuou até 1987, quando fez seu último filme para o cinema. Ela virou um mito na literatura e na poesia. Rachel de Queiroz, num conto, apresenta a atriz como ideal de beleza no imaginário dos marinheiros, em plena segunda guerra:

"No posto de dirigíveis criava-se aquela tradição da menina do laranjal. Os marinheiros puseram-lhe o apelido de "Tangerine-Girl". Talvez por causa do filme de Dorothy Lamour, pois Dorothy Lamour é, para todas as forças armadas norte-americanas, o modelo do que devem ser as moças morenas da América do Sul e das ilhas do Pacífico. Talvez porque ela os esperava sempre entre as laranjeiras. E talvez porque o cabelo ruivo da pequena, quando brilhava á luz da manhã, tinha um brilho de tangerina madura”. 

Na mesma linha, outro cearense, Fausto Nilo, também se encantava:

“A tua cor, o teu nome
Mentira azul
Tudo passou, teu veneno,
Teu sorriso blue
Hoje eu sou
Água-viva dos mares do sul
Não quero mais chorar
Te rever, Dorothy Lamour." 

E foi com esse encantamento que Fausto Nilo, um dia em visita aos Estados Unidos, decidiu conhecer sua musa pessoalmente. Através de amigos americanos acertou o encontro que seria no rancho em que ela morava perto de Los Angeles. No dia combinado, um portador chegou para avisar que a visita estava cancelada. Velha e feia, não queria que seu fã, Fausto Nilo, mudasse a imagem que tinha dela. Dorothy Lamour,  pseudônimo de Mary Leta Dorothy Slaton – morreu aos 81 anos, em  22 de setembro de 1996. Ataque cardiaco, enquanto dormia. Deixou os filhos Richard Thompson Howard e John Ridgely Howard. Ficou a  saudade da bela mulher que levou Fausto Nilo a “naufragar em seus olhos de mar azul”.


NOTA DO EDITOR:

O arquiteto e compositor Fausto Nilo Costa Júnior nasceu em Quixeramobim, na casa em que viveu o notório beato Antônio Conselheiro, e em que seu pai mantinha um comércio com o nome de Empório Azul.

Não somente por isso o grande poeta coloca sempre a cor azul nas letras de músicas que compõe, mas também porque o seu próprio nome –Nilo – tem sua significação etimológica nessa designação cromática (Do latim, nilus, pelo grego neílos, desde o egípcio e o árabe níl, e do sânscrito nila). Em Dorothy Lamour Fusto refere a essa cor por quatro vezes, uma das vezes em inglês.

Fausto Nilo é Membro Honorário da ACLJ.

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