O CEARENSE E
DOROTHY LAMOUR
Wilson Ibiapina*
“Dorothy Lamour
Com amor te matei
Sereia/
Na areia do cinema
Dorothy Lamour
Com ardor te adorei
No drama da primeira fila.”
É assim que começa o poema de Fausto Nilo, depois musicado por Petrúcio Maia.
Naquele tempo,
todos os jovens eram apaixonados pela artista norte-americana, nascida em
Louisiana. Ela foi Miss Nova Orleans de 1931 e sonhava ser cantora. Virou
atriz aos 22 anos. Começou a fazer sucesso quando apareceu nas telas em trajes
mínimos e sensuais, no papel de uma garota das selvas, num filme ao estilo de
Tarzan.
O papel de “Ulah” tornou-a a atriz mais cobiçada, sex-symbol do cinema
americano. Virou diva. Foi assim que ela chegou às telas de Fortaleza. Aparecia
com pouca roupa, despertando a fantasia e o desejo dos adolescentes. Participou
de mais de 60 filmes. Atuou até 1987, quando fez seu último filme para o
cinema. Ela virou um mito na literatura e na poesia. Rachel de Queiroz, num
conto, apresenta a atriz como ideal de beleza no imaginário dos marinheiros, em
plena segunda guerra:
"No
posto de dirigíveis criava-se aquela tradição da menina do laranjal. Os
marinheiros puseram-lhe o apelido de "Tangerine-Girl". Talvez por
causa do filme de Dorothy Lamour, pois Dorothy Lamour é, para todas as forças
armadas norte-americanas, o modelo do que devem ser as moças morenas da América
do Sul e das ilhas do Pacífico. Talvez porque ela os esperava sempre entre as
laranjeiras. E talvez porque o cabelo ruivo da pequena, quando brilhava á luz
da manhã, tinha um brilho de tangerina madura”.
Na mesma linha, outro cearense,
Fausto Nilo, também se encantava:
“A tua cor, o teu nome
Mentira azul
Tudo passou, teu veneno,
Teu sorriso blue
Hoje eu sou
Água-viva dos mares do sul
Não quero mais chorar
Te rever, Dorothy Lamour."
E foi com esse encantamento que Fausto Nilo, um dia em visita aos Estados
Unidos, decidiu conhecer sua musa pessoalmente. Através de amigos americanos
acertou o encontro que seria no rancho em que ela morava perto de Los Angeles.
No dia combinado, um portador chegou para avisar que a visita estava cancelada.
Velha e feia, não queria que seu fã, Fausto Nilo, mudasse a imagem que tinha
dela. Dorothy Lamour, pseudônimo de Mary Leta Dorothy Slaton – morreu aos 81 anos, em 22 de setembro de 1996. Ataque cardiaco, enquanto
dormia. Deixou os filhos Richard
Thompson Howard e John Ridgely Howard. Ficou a saudade da bela mulher que
levou Fausto Nilo a “naufragar em seus olhos de mar azul”.
NOTA DO EDITOR:
O arquiteto e compositor Fausto Nilo Costa Júnior
nasceu em Quixeramobim, na casa em que viveu o notório beato Antônio
Conselheiro, e em que seu pai mantinha um comércio com o nome de Empório Azul.
Não somente por isso o grande poeta coloca sempre a
cor azul nas letras de músicas que compõe, mas também porque o seu próprio nome
–Nilo – tem sua significação etimológica nessa designação cromática (Do latim, nilus, pelo grego neílos, desde o egípcio e o árabe níl, e do sânscrito nila).
Em Dorothy Lamour Fusto refere a essa cor por quatro vezes, uma das vezes em inglês.
Fausto Nilo é Membro Honorário da ACLJ.
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