MÁRIO GOMES
POETA, SANTO E
BANDIDO
Dorian Sampaio Filho*
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQVC_IjWZspE1xuKNpwDYodncDPjv6fLRZX5EQNvFJ6FSXlg4XV-jTlYBQxc_TZONV_wD2iWx-VQZWLYtCMfzoVloK_3UH4-k6-9zSOEeXPPCNd1Ds0Go3iWCrUcuY_xuEnxJuciKcOEc/s320/DORIAN.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqeKneIxq-Pq8HVKtyeZYsWfQ7a6bu-OWYrtbw-C6If6BRLpe4ZbaFu-pkCAIPgG5fYcqiXhucPk5kjoPdQ-OoQVBjXw15jDeSpkPmkh_wH43Acsj96u-keETyszMGIJgzJgcSBtg4R_E/s200/LIVRO+CATUNDA0001.jpg)
Ficou tudo acertado: a Fundação disponibilizaria
verba para fazer parte do pagamento e o poeta pagaria o restante. Lembro da
atitude positiva do Mário: “Dorian, você trata de receber da Fundação e deixa
que a minha parte eu garanto...”
Assim foi feito. Mário, passou a me visitar
diariamente, sempre trazendo uns trocados para abater a sua dívida, enquanto,
por outro lado, eu digladiava com os burocratas da Fundação para viabilizar a
verba prometida. Final das contas, saiu o livro “
Uma Violenta Orgia Universal – Antologia Poética de Mário Gomes (desaconselhável aos puritanos)”.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMBTlyblDeZigccCmVQzVF43DBxUN8QHBBEGl5Z1CLAOUUg_0RLcuYwjUT8kz0F79TQy_a1WeLi-NzF-sdspxlYvD47Upt_Wb77s6Z0ENsgDYqC5_dxnPJ18gKpYgxAPi12ReW02kZRAA/s200/LIVRO+M%25C3%2581RIO.jpg)
Uma Violenta Orgia Universal – Antologia Poética de Mário Gomes (desaconselhável aos puritanos)”.
O poeta, mesmo antes do lançamento de sua obra, já
havia cumprido a sua parte. Pagou tostão por tostão. Da Fundação Cultural de
Fortaleza, muito tenho a lamentar, até hoje não empenharam a conta do poeta...
Mário nos deixou no último dia de 2014. Agonizou onde
sempre brilhou, num banco da Praça do Ferreira. Marginalizado por uma sociedade
muitas vezes hipócrita, o andarilho, que um dia dominou as salas de aula como
professor de português, partiu deixando um rastro de dignidade.
Mário Gomes, embora maltratado pela dureza da vida
que escolheu, manteve até o fim a elegância do terno com lenço na lapela. Não
era um pedinte qualquer. Não mendigava. Aos mais próximos se dirigia para pedir
cigarro ou bebida com a atitude de quem cobra algo que a sociedade lhe usurpou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário