A DEFESA DA PETROBRAS
Rui Martinho Rodrigues*
A defesa da PETROBRAS tornou-se palavra de ordem em manifestações de rua e
pronunciamentos políticos. É preciso dizer quem são os agressores, em que
consiste a agressão e o que fazer para defender a tão importante empresa brasileira.
Serão os agressores a Polícia Federal (PF), o Ministério Público Federal
(MPF) e o Judiciário, ou talvez especificamente o Juiz Moro? Não. Seria excesso
de insensatez insinuar tal coisa. É a imprensa? Foi ela a autora dos atos que
levaram a grande empresa a difícil situação em que se encontra?
Não. Os inimigos da grande estatal do petróleo são os seus saqueadores. Quem
são eles? A responsabilidade comissiva e omissiva recai sobre os seus gestores
e coautores estranhos aos seus quadros administrativos. Empresários e políticos
investigados e processados são os saqueadores externos, conforme vem sendo
apurado pela PF e pelo MPF, sob os cuidados do criterioso juiz de Curitiba. Não
existem outros.
Identificados os inimigos da PETROBRAS é preciso explicitar em que
consiste a agressão. Provas materiais robustas apontam para fraude em
licitação, concussão (crime praticado por quem, em razão do cargo, exige
vantagem indevida, art. 316 do Cód. Penal), formação de organização criminosa e
outras coisinhas mais. Seria confundir a opinião pública pretender que a
agressão seja promover a publicidade dos atos administrativos, quer sejam eles
lícitos ou ilícitos, na forma do que hoje estão chamando de “transparência”
(art. 37 da FC/88). Divulgar crimes não é crime.
Pode-se discutir a credibilidade das informações. Neste caso a defesa
consistiria na crítica das notícias e das acusações do MPF e da PF, não na
alusão vaga contra inimigos, nem na mudança do foco da discussão, fugindo do
debate sobre a autenticidade das informações para discutir crimes
passados, ou alegar genericamente terceiras intenções ou interesses. Crimes
passados devem ser investigados e punidos, mas não são excludentes de ilicitude
dos novos crimes.
A velha e boa lição de Tomás de Aquino sobre a necessidade de se examinar
o que é dito, sem perguntar quem diz, continua válida. Não interessa quem
identifica o DNA do estuprador, mas a veracidade da perícia. Assim chegamos ao
ponto: qual é a melhor forma de defendermos a PETROBRAS?
A PF, o MPF e o Poder Judiciário estão defendo a PETROBRAS, procurando
afastar os predadores, que são os atuais réus, e outros que poderão surgir. Como se
faz isso? Investigando, identificando condutas criminosas e pondo um paradeiro
nisso. Tem mais: é preciso prover a vítima de governança dotada de um mínimo de
probidade, competência e meios legais para afastar os
predadores.
A defesa da PETROBRAS não se fará convocando manifestações nem aludindo
vagamente a inimigos reais ou imaginários; nem com o chamamento de ativistas às
armas, fazendo apologia da violência e ameaçando com milícias de organizações
políticas paramilitares, esquecidos de que tal forma de organização foi banida
pela CF/88.
*Rui Martinho Rodrigues
Professor – Advogado
Historiador - Cientista Político
Titular Emérito de sua Cadeira de nº 10
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