segunda-feira, 26 de outubro de 2020

NOTA ACADÊMICA - Sarau Virtual da ACLJ (25.10.2020)

 SARAU VIRTUAL DA ACLJ
(25.10.2020)

   

A Academia Cearense de Literatura e Jornalismo (ACLJ) promovia, nas noites de terça-feira, na casa de bebidas finas Embaixada da Cachaça, um poetry slam, consistente em um pequeno sarau de poesias, prosa poética e performances musicais acústicas ao vivo, segundo uma prática que começou nos EUA e se difundiu pelo Planeta.


   
Mas essa rotina cultural saudável foi interrompida pela pandemia de Covid-19, e então o grupo de habitués passou a se reunir virtualmente nas manhãs de domingo, em que acadêmicos, artistas, intelectuais e poetas em geral, frequentadores daquele reduto boêmio e cultural, matam a saudade e mitigam a carência de convívio, mantendo em atividade a ACLJ, apesar do isolamento social obrigatório.




PARTICIPANTES

Estiveram reunidos na conferência virtual deste domingo 12 participantes. Compareceram, o Jornalista e Advogado Reginaldo Vasconcelos, o Bibliófilo José Augusto Bezerra,  o Ambientalista e Candidato a Vereador João Pedro Gurgel, o Advogado e Sionista Adriano Vasconcelos,  o Engenheiro e ex-oficial de Marinha Humberto Ellery, o Agrônomo e Poeta Paulo Ximenes, o Juiz de Direito Aluísio Gurgel do Amaral Júnior, o Físico e Professor Wagner Coelho, o Agente de Exportação Dennis Vasconcelos e o Marchand Sávio Queiroz Costa   todos da ACLJ. Além destes, compareceram como convidados a Corretora de Imóveis Cristiane Vasconcelos e a infanta Luíza Ellery.



TEMA DE ABERTURA

O Presidente Reginaldo Vasconcelos abriu os trabalhos com o debate sobre a campanha eleitoral municipal em curso, notadamente sobre a conveniência das carreatas neste momento de pandemia, questionando-se ainda a eficácia de panfletagem e bandeiraços para a obtenção de votos, nestes tempos cibernéticos em que as pessoas estão amplamente politizadas e informadas, portanto imunes a recursos de oba-obas.

A propósito deste tema João Pedro Gurgel apresentou um artigo, abaixo reproduzido.

SOBRE “MOSTRAR FORÇA” NA POLÍTICA

A política tem jargões próprios e “mostrar força” é um deles. A ideia materializa o anseio do candidato (ou de seus apoiadores) de ver sua campanha com adesão popular. Por meio de carreatas. Bandeiradas. Carros de som rodando. Mas eu acho isso muito tosco. E vou dizer o porquê. 

Para a Física, a força é uma grandeza medida em Newtons. É um deslocamento em direção a algo. Capaz de ser medido, mensurado e, o mais importante, aplicado. 

Com a política, imagino que não seja diferente. A verdadeira política também é uma grandeza. Desloca-se na direção de resolver os problemas da sociedade. Pode ser medida através do número de projetos, ações, intervenções e anos de trabalho de seu respectivo agente. 

Nesse passo, as carreatas, as bandeiradas, carros de som e toda sorte de show pirotécnico e sonoro fazem bem ao ego dos candidatos, mas não é sinal de força. Forte seria o agente que de fato contribuísse para a comunidade. Com o posto de saúde funcionando, escolas e demais serviços que o Poder Público deveria ofertar com qualidade. 

Logo, a ânsia desmedida por mostrar força política revela não os fortes, mas sim os fracos. Afinal, o que é autêntico e verdadeiro não faz questão de se exibir. Simplesmente faz. O que é verdadeiro, sincero e autêntico é forte por natureza. Buscar desesperadamente mostrar força política seja o mais claro sinal de não ter nenhuma. 

João Pedro Gurgel



ASSUNTOS ABORDADOS

O tema central desta semana foram as relações sociais entre homens e mulheres, as diferenças intrínsecas entre os dois sexos, a superior capacidade administrativa delas, sua habilidade de dividir atenções sobre atividades diversas, sua excepcional desenvoltura profissional no meio jurídico, a dificuldade de reagir aos imprevistos que elas geralmente manifestam, a temática diferente entre a prosa masculina e a feminina. 

Por mais independentes financeiras, investidas em cargos de chefia, cultas, ilustradas, quando se reúnem as mulheres preferem conversar sobre a estética corporal e o figurino, o ambiente de trabalho, a administração da casa, sua decoração, a criação dos filhos, as festas em família – enquanto os homens filosofam, falam da profissão, falam de política, falam de futebol, falam de conquistas amorosas.

Neste momento em que se estuda e reestruturação da ACLJ, discutiu-se a conveniência da participação de mulheres em clubes sociais e confrarias – Escotismo, Rotary, Maçonaria – e as dificuldades surgidas em grupos mistos, desde o alunado colegial até a construção civil e o serviço militar. 

Nesse mesmo diapasão José Augusto Bezerra relatou um evento sobre a participação da mulher na sociedade, do qual ele participou representando a Maçonaria, e de que também participava a feminista, política e sexóloga Marta Suplicy. 

Narrou o nosso grande Iosephus Augustus que rebateu a crença de que as mulheres tenham sido profissionalmente discriminadas pelos homens, e que pela ação das feministas teriam, enfim, conquistado espaços indistintos no mercado de trabalho.

Naquela oportunidade, ele argumentou que o ingresso feminino em todos os campos de atividade se deve principalmente à ciência, às novas tecnologias, às novas demandas sociais, e não à ação das ativistas. 

As nossas avós eram limitadas pelas gravidezes seguidas, que eram tão inevitáveis quanto necessárias à formação de grandes proles, para trabalhar pelo sustento da família. Além dos entojos, dos partos, dos resguardos, do aleitamento  – dificuldades que a farmacologia e a medicina contornaram bem como era empecilho a menor compleição física e muscular feminina, imprópria para trabalhos mais pesados, que hoje, através da informática, elas comandam, e as máquinas que elas controlam executam.

 
PERFORMANCES LITERÁRIAS

Sem fugir muito do tema das relações homem-mulher, Humberto Ellery declamou o seu mais novo poema, "A Solidão Só" (abaixo transcrito), não sem antes elleryzar um pouco sobre a sua inspiração, de quando, recentemente separado da mulher, procurou o ambiente festivo de um bar para espancar a nostalgia da família e se precipitou em melancolia sufocante.
   

A Solidão Só

 A solidão, em meio às multidões,
me oprime!
Rostos informes, disformes,
sem expressão... 


A multidão me assombra!


E a minha solidão se afoga
em meio a esse mar sem rosto...
Quem são? o que querem? aonde vão?
Por que não me veem?
Não tocam em mim, não me acariciam...

 

Sinto frio, muito frio.
Volto ao meu abrigo e fico só.
Desgraçadamente só!
Melhor assim,
Bem melhor assim.


Só comigo mesmo.
Silenciosamente só!

 

Humberto Ellery 

Dennis Vasconcelos, "para não dizer que não falamos de flores", trouxe à participação sua mulher, Cristiane Nalin Vasconcelos, lendo ele uma crônica dela, em que ela compara a fazenda cearense da infância do marido com a estância paranaense em que ela foi menina, enquanto Humberto Ellery apresentou a neta Luíza, representando as mulheres do futuro. 

Aluísio Gurgel fez uma rápida resenha do livro que está lendo ("O Sal da Terra", de Richard Ford) , e Reginaldo Vasconcelos leu uma de suas crônicas telúricas.  

José Augusto Bezerra, Membro Benemérito da ACLJ, Presidente da Associação Brasileira de Bibliófilos, trouxe, como de hábito, preciosíssimos documentos de sua vasta e preciosa coleção, que foram obras didáticas pioneiras sobre a língua portuguesa: 

A primeira Gramática, de 1536, do português Fernão de Oliveira; a Gramática de João de Barros, de 1540; e a primeira Gramática do idioma lusitano escrita no Ceará, por Francisco Sotero dos Reis, em 1866. Augusto exibiu também exemplar da primeira edição do livro didático "Crestomatia", em que todos os jovens brasileiros estudavam textos, até os anos 50.

DEDICATÓRIA

A sessão virtual da ACLJ realizada neste domingo, dia 25 de outubro, foi dedicada à Modelo gaucha Júlia Weissheimer Werlang Gama, Miss Brasil 2020, eleita no último dia 20 de agosto, que estudou Engenharia Química e é fluente em quatro idiomas, magnífica representante das mulheres brasileiras. Beleza exterior e conteúdo. 


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