sábado, 29 de dezembro de 2018

SONETOS DECASSILÁBICOS PORTUGUESES - Imponderabilidade (VM - MC) Benvindo, 2019 (VM)

ATÉ MAIS, 2018;
BENVINDO, 2019!
(29.12.2018)
Vianney Mesquita*



“O dente do tempo rói”. Péssima metáfora, pois o tempo, velho como já é, já não tem um dente sequer! (Heinrich Heine. Poeta romântico alemão. Dusseldorf, 13.12.1797; Paris, 17.02.1856).



Ide sozinho, desacompanhado
Do vosso antecessor, meio aziago,
Dois mil e dezessete, um vero estrago
No sonho por bilhões acalentado.

Por terdes mil desditas superado
Eu de vós fiz um junguiano imago
E, a três dias do final, divago
Acerca do bem que haveis operado.


Sem, por demais, me pretender afoito,
A mim nesta passagem o que me move
É de todos vontade, à qual dou coito:

Que tais razões a Providência aprove.
Até mais ver-vos dois mil e dezoito!
Benvindo sois, dois mil e dezenove!



.........................................



IMPONDERABILIDADE
(Para o Filósofo Prof. Dr. Auto Filho)

Márcio Catunda* –  quadras
Vianney Mesquita** – trísticos



Não tenhas a curiosidade de conhecer as coisas ocultas. (SANTO ISIDORO: N. Cartagena –  Espanha, 560; M.  Sevilha –  Espanha, 636).



Tragam-me as teorias da Ciência
Para explicar a vida, esse mistério.
De cismar no problema da consciência
Se equivoca o pensador mais sério.

Impulsado com tanta incoerência,
Pela morte, que evoca o cemitério,
Deriva o carrossel da impermanência,
Com o ímpeto voraz de um impropério.


Juntem-se, pois, as metodologias,
E ver-se-á que as gnosiologias
São incapazes de ler o insondável.

Nos rasos laivos das filosofias,
Ao se adicionarem as aporias,
Jamais se adentrará o imponderável!









Um comentário:

  1. ESTA, SIM ... É POESIA!

    Já há de ter notado o leitor, de há muito, a plasticidade que, ordinariamente, exprimem essas páginas, ao acompanhar, principalmente, matérias atinentes às Artes, conforme sucede com esses dois sonetos, insertos na Arte Literária.
    O Periodismo Plástico praticado por este jornal eletrônico, editado (salvante engano), há oito anos, constitui uma das razões da preferência dos apreciadores do bom texto com seus acólitos estéticos. Estes são magnificamente operados pelo jornalista e artista plástico Dr. Reginaldo Vasconcelos, o editor primacial desde órgão informativo-literário, conquanto seu principal mister profissional seja o de advogado, onde, também (já vi) aplica a tríade de Marco Vitrúvio Pólio, "utilitas", "venustas" e "firmitas". Ele ajeita, conserta, concerta, embeleza, estetiza, por assim dizer, até matérias meio insossas, como é o caso do soneto desta autoria, ao recepcionar 2019.
    Vejamos a indústria plástica que levou a efeito: ofereceu uma ampulheta com a câmara de cima representando os tempos findos, cujas mazelas foram representadas por morcegos (interessante a constituição desta palavra = "mus cecus" = rato cego). No cubículo inferior, descansa uma "panapanã de esperanças".
    Eis que, na lógica por ele estabelecida, exaurida a areia de 2018 (que pode ser substituída por mercúrio ou água), à meia-noite do dia 31, invertem-se os bubos, e as borboletas, alvissareiras, reinarão sobranceiramente no Ano de 2019. Queira Deus!
    Valorizou ao extremo meu "sonetinho" desenxabido.
    No outro decassilábico português que Márcio Catunda e eu dedicamos ao Filósofo, nada mais plástico do que a figura do Prof. Dr. Auto Filho!
    Pelo que de relevo se expressa a estesia de um texto - destes desse "blog", mais literário do que jornalístico - convido o Dr. Reginaldo a escrever artigo mais espesso acerca dessa significativa,insuperável e constante atividade de adornar escritos com o cariz daqueles deste jornal.
    Digam, também, algo a respeito - Prof. G. Jesuíno, Dr. Arnaldo Santos, Dr. Laprovítera, Dr. Aluísio, Dr. Paulo Ximenes e outros enormes artistas deste Silogeu que me ajuda a conduzir melhor minha vida...!
    Parabéns, Dr. Reginaldo Vasconcelos!

    Vianney Mesquita.

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