O REI ESTÁ
NU
Reginaldo
Vasconcelos*
Aprovei o ato, mas não avalio bem como foi feito. A entrevista coletiva
de imprensa convocada pelos Procuradores da República, liderados pelo Dr.
Dallagnol, com apoio presencial de Delegados da Polícia e da Receita Federal,
todos integrantes da Operação Lava Jato, na última quarta-feira dia 04, foi
muito boa no conteúdo, mas, no meu julgamento, deixou a desejar no seu formato.
Tudo o que foi dito ali, apresentado como novidade, já era
“segredo de polichinelo” para a população esclarecida, para as pessoas de mediana
inteligência, psiquicamente saudáveis e ideologicamente manumissas, desde o clamoroso
“mensalão”. Os procuradores chamaram o
povo para declarar a nudez do rei, como naquela fábula em que todos constatam
que o rei está nu, mas não podem revelar, porque foram convencidos de que só os
honestos veem as vestes, feitas de um tecido mágico.
Então, noticiar o oferecimento da denúncia penal de Lula da
Silva, para torná-lo réu e, na sequência, condenado e preso, foi o único
advento a merecer alvíssaras, porque todo o mais que foi dito já era de domínio
público e de geral conhecimento. Ninguém é bobo de acreditar que alguém tão
esperto, que saiu do nada para a Presidência da República, tenha sido enganado
pelos amigos “aloprados” que ele mesmo trouxe para dentro do Governo.
Aliás, alguns são mesmo bobos de acreditar nisso, outros duvidam,
mas se aferram à dúvida, outros sabem de todos os crimes, mas preferem ignorá-los.
Para estes míopes morais, saquearam a Petrobras e a Eletrobrás sem que Lula
soubesse, sem que ao menos sonhasse a sua pupila principal, Dilma Rousseff.

Delúbio Soares e João Vacari Neto cobravam “pixulecos” para sua furtuna
própria. Lula e Dilma não têm nada a ver com isso. Eduardo Cunha, base do
Governo, nomeava diretores da Petrobrás e negociava contratos com empreiteiros,
em troca de propinas, sem conhecimento de ninguém.
Delcídio do Amaral, por sua vez, líder de Dilma no Senado, foi
propor mundos e fundos pelo silêncio de Nestor Cerveró assumindo despesas do
próprio bolso, e prometer grandes favores jurídicos a serem obtidos com o seu único
prestígio. Ora, me compre um bode!
Diante de todo esse quadro, ocultação do patrimônio do
apartamento de luxo e do sítio em Atibaia é “fixinha”; decretos e pedaladas
também são delitos simbólicos. São apenas como aquele crime fiscal pelo qual a
Corte norte-americana condenou o mafioso Al Capone, à míngua de provas cabais de mil
e um crimes maiores que o gangster praticou.
Lula e Dilma, conscientes de que cada alma vale um voto,
colocaram no curral do bolsa-família e de outros programas de assistência todo o numeroso proletariado brasileiro, garantindo assim
eleições de cabresto para toda a eternidade, segundo imaginavam.

Pretensamente garantidas, por esse ardil, as eleições e as
reeleições, e a consequente perpetuidade do partido no poder, Lula e Dilma
aparelharam a máquina pública e sodomizaram a Nação sem pudor e sem caridade,
por meio do mais desvairado esquema de corrupção e de propinas.
Cabia, pois, aos Procuradores da República, sem mais delongas,
anunciar ao povo que finalmente denunciaram o Lula, de forma bem fundamentada,
e que se a denúncia for recebida e julgada procedente ele vai ser condenado.
Quem vai apreciar as provas é o Juiz Sérgio Moro, não é o povo, nem o próprio
Lula, muito menos os seus advogados, de quem não se poderia esperar menos do
que pugnar em seu favor.


Inclusive, exposto o seu calcanhar de Aquiles, que é o
envolvimento da família em suas patacoadas federais, tive a impressão de que Lula
já ensaiou, em sua fala, uma confissão qualificada – quando o acusado admite a
conduta réproba para justificar o ato e tentar elidir sua ilicitude.
Ao alegar que os concursados da Procuradoria são “analfabetos
políticos”, porque não sabem o que é “presidencialismo de coalizão”, e por
desconhecerem como é difícil a governabilidade sem base no Congresso, Lula
parece reiterar o absurdo que confessou ao Presidente do Uruguai, José Mujica, no sentido
de que a única maneira de governar o Brasil seria cometendo indignidades.
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