IMPORTÂNCIA DA IMPRENSA DA UFC
NO REPASSE DO CONHECIMENTO (I)
Assis Martins*
Este texto é
parte do trabalho acadêmico de nossa autoria, Origem e Desenvolvimento do Livro e a Importância da Imprensa da
Universidade Federal do Ceará no Repasse do Conhecimento, defendida como
requisito parcial para a obtenção do título de Tecnólogo em Gestão da Educação
Superior nessa instituição.
Pareceu-nos
de bom alvitre reativar este trabalho numa homenagem à Instituição que completa
60 anos e onde militamos durante mais de vinte, como desenhista e programador
de livros e capas de muitas publicações.

Seu papel
definiu-se, em primeira instância, em um momento de baixa produção editorial no
Nordeste, principalmente no Ceará, o que a situou em um patamar de invejável
posição. A fase experimental de
implantação, mesmo em condições físicas improvisadas e com equipamentos
incompletos, recebeu da Administração Superior o aval para a conclusão e
aprimoramento do seu projeto. Quando se fixou em prédio próprio, concebido
tecnicamente para o funcionamento de uma indústria gráfica, inseriu-se de vez
na efetiva editoração universitária brasileira.
As
administrações que sucederam sua fundação e implantação contribuíram, cada uma
a sua maneira, quer em termos de redirecionamento de objetivos, em redesenho do
“leiaute” industrial ou na readequação de bases tecnológicas para a
consolidação do seu papel institucional.
A Lei que criou
a Universidade Federal do Ceará foi assinada no dia 12 de dezembro de 1954 pelo
Presidente da República, João Café Filho. O seu efetivo funcionamento começou a
ocorrer no ano de 1955, oficialmente instalada em sessão solene no dia 25 de
junho no Theatro José de Alencar.
Naquela
época, apesar de Fortaleza já ser um centro cultural desenvolvido, não havia aqui
uma editora capaz de dar atendimento ao volume das produções literárias; além disso, como o livro não despertava
grande interesse à iniciativa privada, os investimentos no setor eram poucos.
Segundo o
próprio Martins Filho – conforme relata nas suas memórias – ele soube que
estava à venda a Tipografia Lusitana, instalada na rua Major Facundo, cujo
proprietário era Clóvis Carvalho Pereira. Dirigiu-se ao local, onde deu uma
olhada nas máquinas, equipamentos, tipagem disponível, estoque de material etc.
Após rodadas de negociação, ele e o proprietário chegaram a um acordo: o total
da compra ficou acertado em Cr$ 700 mil, excluído o estoque de tintas e papel,
que seria adquirido pelo preço da praça.
Uma comissão
da Imprensa Oficial do Estado avaliou o material, e a proposta foi levada para
apreciação do Conselho Universitário, que concedeu autorização para a compra,
na sessão de 6 de abril de 1956.
Para o início
do seu funcionamento, no dia 24 de abril de 1956, foram arrendadas as oficinas
da Editora do Instituto do Ceará. A nova unidade passou por vários locais no
primeiro ano de funcionamento: inicialmente, no mesmo prédio da Tipografia
Lusitana; depois, mudou-se para a sede da atual Reitoria na Avenida da
Universidade 2853, sendo instalada numa garagem onde hoje funciona o Auditório
Castello Branco. No dia 17 de julho de 1956, foi feito um crédito especial de
Cr$ 620 mil para compra de uma máquina (linotipo). Estava dada a largada!
No princípio,
eram apenas sete funcionários, e, no ano seguinte, já contava com vinte, dez
contratados e dez tarefeiros. No dia 29 de agosto de 1958, a Gráfica Piauiense
foi adquirida por Cr$ 8 milhões, englobando tipografia, clicheria e
encadernadora. O equipamento ainda foi ampliado com máquinas compradas à firma
Assis Bezerra & Cia.


A sua sede
atual foi inaugurada numa solenidade especial com a presença de autoridades e
intelectuais, no dia 25 de maio de 1967, quando recebeu o nome do seu
idealizador, o reitor Antônio Martins Filho.
Citando ainda
suas Memórias, ele diz: “...Se tivesse
sido possível, a implantação da Imprensa teria ocorrido no mesmo dia da
instalação da Universidade. Não creio seja preciso lembrar que o bem maior da
instituição é a produção da cultura e do saber, e que a publicação de livros,
revistas e periódicos é a expressão, por assim dizer, de nossas realizações e
criatividade em todos os campos da inteligência. Produzindo muito, como produz,
a Imprensa nada mais é que o reflexo das atividades globais da Universidade.”
NOTA
No próximo
texto mostraremos as obras mais importantes editadas no período áureo (1956 –
1967), quando já tinham sido impressos cerca de 300 livros, e, aproximadamente,
80 periódicos, além de folders, cartazes, material de suporte administrativo,
dentre outros).
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