domingo, 29 de novembro de 2020

POEMAS - Rio Jaguaribe (VA) - Chuva de Outono (HE)

 RIO JAGUARIBE
Vicente Alencar*

Ele caminha lento,
amargurado,
invadindo a Caatinga,
passando os Tabuleiros,

levando esperanças
ao caboclo que acredita
na sua força.
 
O desmatamento de suas margens
o assoreamento que é vítima,
a poluição
que o agride,
os dejetos que lhe jogam,
mesmo assim ele caminha.
 
Embora devagar,
segue firme,
sabendo que seu destino
é levar em frente
o esperado desenvolvimento...
 
Os sertanejos
que dependem de suas águas,
das suas margens,
do seu peixe,
o respeitam...

Seus afluentes vivem
o drama do Sol,
da falta de inverno,
da ausência de Programas Oficiais.


..............................

CHUVA DE OUTONO
Humberto Ellery* 

Embriagai-vos sem cessar. Com vinho, com poesia, com virtude. Como quiserdes. Mas embriagai-vos. (Charles-Pierre Baudelaire)

 

São monótonas, são tristes, e são frias,
as chuvas de outono que caem suavemente sobre mim.

Ventos gelados anunciam o inverno,
o inverno silencioso e frio que se aproxima.
O terrível inverno da solidão, do esquecimento...
 
De repente, numa explosão de cores,
um reflorir primaveril inesperado!
Trazendo a luz e o calor do verão,
iluminando o céu,
enchendo o ar de um perfume embriagador...
Uma linda e acolhedora Primavera.
Uma Primavera inesperada, atemporal...

Que importa a mim que seja ilusória...
Que importa a mim que seja fugaz...
Que importa a mim que seja inatingível...

O Arco-Íris também é ilusório,
Também é fugaz, também é inatingível.

E ainda assim nos encanta.
Ah! Baudelaire... Baudelaire...

Hoje eu vou embriagar-me.
Não é com vinho, nem poesia ou com virtude,
Vou embriagar-me, sim, de Juventude!
 
(Dedicado à linda bacante que me serve generosas taças de sua exuberante juventude).

Nenhum comentário:

Postar um comentário