quinta-feira, 19 de novembro de 2020

CRÔNICA - Empresa Soares Marinho (AASF)

EMPRESA SOARES MARINHO
 Antonio de Albuquerque Sousa Filho*


Para quem trabalhou muitos anos, a aposentadoria pode ocorrer em decorrência da idade, do tempo de trabalho ou de problemas de saúde. O fato é que todos nós chegaremos a essa realidade. Estamos ou estaremos preparados para tal momento?

 

Tenho amigos que não se prepararam para a aposentadoria. Alguns ficaram inativos e  tiveram problemas sérios de saúde. Outros enveredaram por novas atividades profissionais, sem a experiência exigida e fracassaram.  Vários conseguiram sucesso em novas empreitadas.  Um grupo menor direcionou suas vidas para atividades que lhes dessem prazer como ler,  escrever, viajar, sair para conversar com amigos, praticar jardinagem, observar a  religião com mais intensidade, participar de entidades culturais  ou de serviços voluntários em ações sociais privadas ou públicas.

 

 O hábito de trabalhar diariamente cria uma disciplina na vida das pessoas. Acordar na mesma hora, tomar o café matinal, sair para o trabalho sempre no mesmo horário, cumprir as tarefas profissionais e voltar para casa.  Os horários domésticos  obedecem às prioridades do trabalho fora de casa e tudo se encaixa devidamente. Durante anos, a pessoa obedece a normas padronizadas. Deixar de trabalhar não é fácil e exige novos hábitos para adaptar-se a uma realidade diferente.

   

Conheço um professor universitário, cumpridor rígido de suas tarefas profissionais, conhecido como “Caxias”. Era o primeiro a chegar ao trabalho e o último a sair. Levava, muitas vezes, trabalhos para concluir em sua casa. Se preciso, trabalhava aos sábados e domingos. Todas as obrigações familiares, como realizar a feira semanal, educação dos filhos, reformas da casa, cuidar da saúde da família e participar de reuniões escolares, familiares e sociais eram competência de sua mulher. Quando chegou o momento de sua aposentadoria por idade, sentiu-se despreparado. Não fizera amizades fora do seu círculo profissional e tudo lhe era estranho fora do seu âmbito de trabalho. O que fazer?

 

Telefonou para outro professor, seu amigo, indagando o que ele estava fazendo após sua aposentadoria. Foi informado que o amigo prestava serviços a uma empresa  diferente.   Muito democrática, lá não existia separação por sexo, raça, nível de renda, exigência de conhecimentos formais. Horário flexível, alguns começavam a partir das 5.00 horas da manhã e outros iniciavam à noite, sem observância de horário rígido. Respirava-se ar puro, sem preocupação de diferenças salarias, ausência de exigências de investimentos.

 

Segurança razoável, cardápios variados, indo da água de coco  a sucos diversos, a diferentes  tipos de sanduíches e  frutas à vontade. Lá não era exigido o uso de vestimentas e calçados sociais. A maior parte das pessoas preferia vestimentas leves, esportivas, o uso do tênis. Nada de joias.  Existe muita camaradagem e os temas das conversas são os mais variados possíveis, de preferência os mais alegres. Como os envolvidos na empresa têm experiências profissionais diferenciadas, é mais fácil fazer novas amizades.  E concluiu com a pergunta: “você gostaria de conhecer a empresa onde trabalho?”. Ele respondeu que sim.

 

No dia seguinte, às 7.00 horas em ponto, o prestativo amigo chegou à casa do candidato ao trabalho.  Este se vestia de forma tradicional: calça comprida, camisa social, sapatos clássicos. O outro usava bermudas, camiseta, tênis e um boné.


 

 

O pretendente ao novo emprego entrou em casa e mudou sua vestimenta, adequando-se aos modos do colega. O carro partiu em direção à Avenida Beira Mar, em Fortaleza, parando na pracinha, em frente a uma barraca que vendia água de coco.

 

Era ali a sede da Empresa Soares Marinho - SÓ ARES MARINHO (S).


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