sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

CRÔNICAS - SÃO SEBASTIÃO E DONALD TRUMP (JSN)


AS FLECHAS DE SEBASTIÃO
E O DIA T DE TRUMP
João Soares Neto*


É hoje, 20 de janeiro de 2017, a data em que o Rio de Janeiro, em pleno verão, se esbalda pelas praias e morros face o feriado pela morte de São Sebastião, duplamente festejado pelos católicos e umbandistas. Viva Oxóssi!

São Sebastião, século IV, possui história controversa. Na iconografia em que aparece preso a uma árvore e flechado, não foi o dia de sua morte. Conta a história que uma mulher, Irene, o viu exangue, retirou as flechas, uma por uma, e o curou. Irene virou Santa Irene. Sebastião voltou ao Rei Diocleciano e o afrontou.

Assim, pela segunda vez, o Monarca mandou exterminar, a pancadas, o intrépido combatente da fé. Morto, jogado aos esgotos de Roma. Voltando ao Rio: Reza a lenda que São Sebastião, espada em punho, teria lutado quando da expulsão dos franceses. Os padres Anchieta e Manoel da Nóbrega, o fundador do Rio de Janeiro, Estácio de Sá, com a ajuda milagrosa dos gentios e de São Sebastião (que desviava as flechas desferidas pelos índios Tamoios, aliados dos Franceses) conseguiram, enfim, retomar a cidade dos calvinistas huguenotes, em um dia 20 de janeiro.

 A cidade é, entretanto, chamada de São Sebastião do Rio de Janeiro, desde 1565, em homenagem ao Monarca D. Sebastião I (introdutor do sebastianismo, mas isso é outra conversa). O povo, até hoje, vela e acredita na espada milagrosa de São Sebastião.

Em razão disso, e por ser feriadão a prenunciar longo “dolce far niente” nas praias e nos morros, nos botecos e nas tabernas no Rio, de todos nós, o povo estará tomando cervejas e cachaças com tira-gostos de todos os tipos, esquecendo os dramas brasileiros e as dívidas do governo Pezão. Saravá.

Enquanto isso, neste mesmo dia, a bela esplanada da capital dos Estados Unidos, Washington, D.C, planejada com arrojo e classe pelo arquiteto francês Pierre Charles L’ Enfant, inaugurada em 1800, estará recebendo, a cerimônia pública da posse de do Trump, como o 45º presidente dos Estados Unidos. Tudo será visto ao redor do mundo, inclusive no Rio, e mostrará temperatura de 4º graus, com possibilidade de chuva, e vento frio soprado do Rio Potomac.

Não devemos antecipar como será a cerimônia, mas nos cabe, neste dia, torcer para que os espíritos de A. Lincoln, G. Washington, H. Truman e do imolado J. F. Kennedy possam sobrepairar, tal como São Sebastião fez com o Rio de Janeiro, e dar ao novel ocupante da Casa Branca o equilíbrio necessário para a condução dos Estados Unidos, neste mundo em que qualquer “nerd” ou fanático pode precipitar acontecimentos indesejáveis.


Que as trombetas deem discernimento e equilíbrio a Trump. Na maturidade dos seus 70 anos, recostado nos novos travesseiros e colchão da suíte presidencial, invocar os antepassados ocupantes daquele aposento, ora retrofitado. Possa, enfim, dormir em paz e acordar ciente das duras responsabilidades que lhe cabem pelos próximos quatro anos. Good Luck.



Carta para Trump- DJT


Permita-me, de princípio, chamá-lo de John. Sou também João e nasci na sua mesma década, em Fortaleza. Você, em Queens, belo distrito de New York. Feliz em sabê-lo economista de Wharton.  A sua ascendência europeia o fez crescer em boa família, da qual recebeu uma empresa “on the road”. Sorte sua.
 
Não satisfeito, a ampliou com diferentes objetivos, obtendo sucesso e alguns problemas.  Quando todos não o levavam a sério no início da campanha, por seus chistes e a mimética ao dar à sua face expressão marota, surpreendeu. Enfim, venceu.

Na nossa geração tivemos que assimilar as mudanças ocorridas pós-guerras da Coreia, Vietnã e Iraque. Os círculos concêntricos reverberaram até aqui, neste Brasil, país que já visitou, mas não fincou negócios em Campinas, São Paulo ou Rio.

Sei que a partir de ontem será mais difícil falar com você. Por tal razão publico estas notas. Fique certo de que todos somos iguais, mesmo os não anglos saxões. H. Truman disse a JFK: “após eleito, não fazer campanha”. Não expulse imigrantes. Integre-os. Não cutuque o México.

A América só é grande pelo crisol de raças. Há mais com o que se preocupar: as relações com a China e o fim do Exército Islâmico, por exemplo. Cuidado com o Putin. Ele foi da KGB. Ninguém deixa de ser espião, se treinado para isso. Não afaste a Merkel. A Europa tem bases americanas, lembre-se.

Não se preocupe com as assombrações na Casa Branca. Elas sondam e rondam. Vá em frente. “Take care”.



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