CACHAÇA É CULTURA
Reginaldo Vasconcelos*
Cachaça velha e caju doce. Requintada harmonização
brasileira de baixo custo financeiro e altíssimo valor, comparável a
combinações clássicas como vinho e queijo, vodca e caviar, chope e fritas,
uísque e sacanagem.
Sacanagem é aquele petisco bem nacional composto por
salsicha, queijo e azeitona no palito. Bem, os bebedores tradicionais de uísque
não usam tira-gosto. Mas, modernamente, se tem harmonizado o scotch com
chocolate meio amargo.
A nossa cachaça é tida como drinque refinadíssimo em outras latitudes do Planeta, onde reinam aguardentes internacionalmente consagrados como o conhaque, o saquê, o schnaps, o rum, a grapa, o gim, e o poire – além dos clássicos vodca e uísque, em suas versões variegadas. Mas nem sempre a cachaça é valorizada no Brasil.
Tem a anedota relatada por um garçom, que trabalhando em um hotel de alta categoria avisou ao turista, no deck da piscina, que o bar não tinha cachaça em seu cardápio. "Tem caipirinha?", perguntou o hóspede. Então me traga uma, sem gelo, sem limão e sem açúcar. E tomou a sua pinga, servida no copo apropriado ao coquetel.
É preciso, pois, vencer mais esse "viralatismo" brasileiro de não valorizar a prata da casa e não reconhecer que os produtos nacionais de origem popular pertencem ao nosso patrimônio cultural, ao contrário do que fazem outros países, dos quais os próprios governos fiscalizam a produção de suas bebidas nacionais, atestam a sua qualidade e conferem selo de recomendação oficial às marcas aprovadas, para fim de exportação.
Da E para a D: Dmitry, Rui Martinho Rodrigues, Reginaldo Vasconcelos, Paulo Maria de Aragão, Altino Farias, Adriano Jorge e Paulo Ximenes |
O linguista russo Dmitry Sidorenco, membro honorário da ACLJ, que vem todo ano ao Ceará trazendo na bagagem vodca de alta qualidade para os amigos brasileiros, leva para São Petersburgo garrafas de cachaça cearense para com elas mimosear os seus conterrâneos mais diletos, que a consideram de altíssimo bom-gosto.
A propósito, neste dezembro o engenheiro e jornalista acelejano Altino Farias, editor do jornal virtual Belos Bares da Vida, inaugurará a Embaixada da Cachaça, um ambiente adequado à degustação de destilados de elevada qualidade, com ênfase na velha e boa pinga.
Espaço de convivência anexa à sede administrativa da ACLJ, a chamada Tenda Árabe, no número 1245 da Rua João Brígido, será local próprio para o encontro diário a happy hour, como também nas tardes-noites de sábado e nas manhãs-tardes de domingo, por exemplo. Logicamente, também funcionará como ponto de encontro cultural de artistas e escritores.
*Reginaldo Vasconcelos
Advogado e Jornalista
Titular da Cadeira de nº 20 da ACLJ
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