O EXEMPLO ROOSEVELT!
Por Paulo Maria
de Aragão*
“A preguiça é a
chave da pobreza", “a ociosidade é mãe de todos os vícios”, outros
aforismos populares retratam essa praga disseminadora da miséria, da violência
difusa e desagregadora da sociedade. “Ai, que preguiça!” - dizia, a toda
hora, Macunaíma, herói sem nenhum caráter, de Mário de Andrade. E o seu espírito
continua representando a malandragem no Brasil, fazendo ver que o bom malandro,
além de indolente, nunca para, só “dá um tempo”.
Viver no ócio é
quase tão ilícito quanto roubar, inaceitável pelos macunaímas que não se pejam
quando chamados de sanguessugas; ao contrário, vangloriam-se em dizer que gozam
a vida, sabendo aproveitá-la, dormindo, tomando umas e outras, indo aos forrós,
jogando sinuca e aguardando a ajuda do governo.
Difícil é
incutir na mente do povo a ideia de crescimento e progresso por meio do
trabalho. Fácil é esbanjar dinheiro público na promoção do assistencialismo e
paternalismo - causa da dependência e passividade de vidas que se anulam, que
se deixam levar docilmente pelo cabresto. Enquanto os impostos escorcham os
cidadãos, o país gasta mais do que arrecada, indiferente aos baixos índices de
desenvolvimento humano (IDH), na distribuição de renda, acesso à saúde, à
educação e à segurança, mas prevalece o conformismo a cada eleição, a cantilena
de mudanças sociais.
Desfaçatez à parte, em política, dizem que tudo é permitido, mesmo assim
surpreende: o presidente Obama, numa economia quase oito vezes maior que a
nossa, tem apenas 200 cargos comissionados. Aqui, a presidente Dilma dispõe de
22 mil, além de 39 ministérios, antevendo a criação de mais dois. A Alemanha, detentora da
economia mais sólida da Europa, se contenta com 14 ministérios, e Angola, com
28.
Nesse cenário,
avalia-se o progresso de um país pela força do trabalho, moralidade e respeito
às leis, as quais devem ser aplicadas indistintamente. Tal lição os Estados
Unidos aprenderam, e o Brasil ainda precisa aprendê-la para que um dia seja
potência. Em 1933, quando Franklin Delano Roosevelt assumiu o poder, os Estados
Unidos viviam os efeitos da Grande Depressão, solucionada com o plano New Deal.
Emil Ludwing, um
de seus biógrafos, em seu livro Roosevelt (1938), destaca que o maior estadista
do século 20 comprou nove milhões de acres de terra inculta e neles instalou
208 colônias agrícolas; escoimou das cidades vadios, viciados e desordeiros, levando-os,
com os voluntários, para essas colônias. Em 1935, 20,2 milhões de homens haviam
sido transferidos; construiu frigoríficos, armazéns, silos e estradas; dois
anos mais tarde, não havia mais desocupados nas capitais e quase cem países
dependiam da produção agrícola americana; era a consagração do governo
Roosevelt.
Nesse primeiro
de maio, comemorando-se o dia internacional do trabalho, merece reflexão o
projeto redentor rooseveltiano. Enfim, a causa mais importante para o ser
humano, depois de Deus, deveria ser o trabalho; só ele nos dignifica,
estabiliza, dá o norte à vida e leva o sustento honesto para a família.
Em
que pese a essa grande lição da história, nosso país permanece carecendo de
timoneiros de bom e sólido feitio moral, dotados de posições estadísticas. É
preciso dar um basta aos politiqueiros sem missão alguma, propensos a baixezas,
já comprometidos com o passado. Para nós, as urnas despontam como uma opção.
Em 01 de maio de 2014 - Dia do Trabalho
Advogado e Professor
Membro do Conselho Estadual da OAB-CE
Titular da Cadeira de Nº 37 da ACLJ
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