O
ASCETISMO DE VIANNEY MESQUITA EM
...E O
VERBO SE FEZ CARNE
Neide
Azevedo Lopes*
Por que perambulas assim, homem,
buscando muitas coisas? Busca uma apenas na qual estão as demais, e deixarás de
perambular (Agostinho de Hipona. Tagaste – Argélia, 13.11.354; Hipona – Argélia,
28.08.430).
...E o Verbo se fez Carne
e em mim habitou. Forte, rico, lírico, pleno de luz.
...E
o Verbo se fez Carne, convidando-me ao ágape para desfrutar da farta mesa da
sabedoria.
Aquilatar o significado da prazerosa leitura desta magnífica
obra do professor Vianney Mesquita ser-me-ía tarefa por demais difícil.
Detenho-me a afirmar. Fiquei, ao lê-la, em estado de graça!
O livro, escrito em versos de sete sílabas (redondilhas
maiores), usando o autor o sistema ABCBCB, leva o leitor, da persignação ao
epílogo, ao êxtase da plena beleza.
Nada há que se não possa acrescer ou subtrair. Tudo se encadeia
em ordem perfeita. É como se o artesão da palavra, ao usá-la, tivesse a lira
como pano de fundo. Tal a sonorização, a harmonia emanada dos 4.458 versos
desta obra.
Usando os inexauríveis caminhos da memória, o autor conta em
versos parte da Escritura Sagrada, com base nos quatro Evangelhos, reproduzindo
ipsis verbis o de São Lucas,
mostrando-nos a outra face de Bíblia. Poética, acessível, clara.
Destaquemos a aparição do anjo anunciando o nascimento do
Senhor:
Falou Ele: nasceu hoje
O
Messias, Salvador
Em
Belém, lá na Judeia,
Dos
homens o Redentor.
Cuja
obra giganteia
Enche
a terra de louvor.
Atentemos para o meticuloso recurso, usado ao descrever a Morte
de Jesus:
Naquele
instante, Jesus
A
Deus, seu Pai, invocou.
Em
alto brado exclamando,
Sua Razão entregou.
Em
assim anunciando,
Incontinenti expirou.
Pelo brilho argumentado em toda a obra, e por encantada estar,
ouso, em versos, emitir ao leitor minha opinião acerca deste Verbo que, feito
Carne, em mim habitou.
Li, reli, com atenção,
A história do Senhor,
Contada por Vianney
Com inusitado esplendor,
Do Nascimento do Rei,
A Morte, tristeza e dor.
Ao meu amigo leitor,
Conclamo à boa leitura
Deste exemplar artesão
Que usa a fina textura,
Descrevendo em precisão
A Sagrada Escritura.
Vianney, alma bendita,
Por força, por devoção,
Fez do Verbo alegoria,
Fez da Bíblia uma canção
Por crença, por alegria
Em Mateus, Lucas e João.
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*Neide Azevedo Lopes é professora, advogada, poetisa e
trovadora. Da Academia Cearense da Língua Portuguesa (ex-presidente); da AJEB;
Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno, União Brasileira de Trovadores – seção
de Fortaleza-CE. Diplomada em Literatura Inglesa, pelo Green Lanes Institut
(Londres). Autora, dentre muitos outros, do admirável Teoria dos Afetos.
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