sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

POEMA - Final do III Ato (HE)


FINAL DO
III ATO
Humberto Ellery*



I

Lentamente a cortina está fechando,
Não distingo, na plateia, uma só face.
Eu deveria nesta hora estar chorando
Pedindo a Deus que a peça continuasse. 

II

Mas volto ao camarim em passos lentos
Vou arrancar a fantasia e este laço
Vou sem chorar, sem sorrir e sem lamentos,
Tirar de vez a fantasia de palhaço.

III

E o silêncio no Teatro é tenebroso,
Não tive aplauso, nem por um instante.
Mas abomino este silêncio horroroso.

IV

Melhor seria uma estrepitosa vaia
Que este desprezo cruel e sufocante
Este silêncio me gritando: SAIA!



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