A ELEGÂNCIA DO CHAPÉU
Wilson Ibiapina*
Pegue um retrato do início do
século passado e vai ver que as pessoas, homens e mulheres, estão todos de
chapéu. Do rico ao pobre, do menino ao velho. Como todos ficavam
elegantes!
A moda desapareceu quando eu comecei a
gostar de usar chapéu. Numa viagem que fiz ao exterior nos anos 90, com um
grupo de jornalistas, todos usávamos uma proteção na cabeça – bonés,
gorros, por causa do frio.
Mas, dois desses companheiros – Pedro Rogério
e Jorginho Costa Neves – usavam chapéus-coco, de feltro,
forrados e com aquela faixa de couro perto da borda, chamada de "carneira", que
serve de proteção contra suor da cabeça. Caros. Hoje então, porque raros, mais
caros ainda.
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Pedro Rogério com seu tradicional chapéu |
Depois da viagem, Pedro Rogério me deu de presente o chapéu que ganhara do pai, Vivaldi Moreira. Isso me
motivou e comecei a comprar chapéus por onde passava. Depois ele pegou o dele
de volta, mas minha coleção já estava formada. Coleciono também bonés, gorros,
sombreiros mexicanos e akubras australianos, que é o chapéu de pelo de coelho.
Tenho de palha, de pano e de fibra de coqueiro.
Não lembro de meu pai de
chapéu, mas meus avós, lá na Serra Grande, no Ceará, ainda usavam. Coronel
Pedro Ferreira e major Moises Aarão Ibiapina (ambos da Guarda Nacional) cobriam
a cabeça com chapéus de massa de abas curtas e longas.
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O chapéu é usado desde os tempos
primitivos para proteger a cabeça do Sol, do frio e da chuva. As intempéries
climáticas continuam, mas o homem parou de usar chapéu. A vida moderna nas
cidades deixa as pessoas menos expostas ao tempo.
Paulo Brossard
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Aqui em Brasília, os últimos políticos
a guardar seus chapéus na Chapelaria do Congresso Nacional foram o gaúcho Paulo
Brossard e o piauiense Flávio Marcílio. Pelas ruas da Capital, quando faz frio
ou muito calor, ainda encontro Pedro Rogério e Jorginho Costa Neves
com os chapéus herdados dos país. Carlos Henrique de Almeida Santos imita o pai
dele e os dois podem ser vistos de chapéu ou boina.
Até hoje há formatos de chapéus que
marcam seus usuários. Não precisa descrever, basta dizer o nome que você
lembra o estilo, tipo chapéu Santos Dumont, Fernando Pessoa, Napoleão
Bonaparte, Lampião, Indiana Jones ou Chapeuzinho Vermelho.
É de tirar o chapéu para essa moda que
deixava as pessoas elegantes e protegidas. Hoje, apesar de fora de moda,
continuo usando chapéu. Só tiro na igreja, quando ouço o hino nacional ou
quando estou diante de uma dama.
Jornalistas Lúcia Fernandes e Manuela Castro |
Em Lisboa, com Ana Maria,
Edilma, Jeferson e Jorge Oliveira
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*Wilson Ibiapina
Jornalista
Diretor da
Sucursal do Sistema Verdes Mares
de Comunicação em Brasília - DF
Titular da
Cadeira de nº 39 da ACLJ
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