domingo, 26 de março de 2017

ARTIGO - Sobre o Jornalismo Azul e o Amarelo (GJ)


Sobre o jornalismo
AZUL e o AMARELO
Geraldo Jesuino*


1   -  Jornalismo AZUL

Li nas “Páginas Azuis” do Jornal O Povo de segunda-feira, 20 do corrente mês, depoimento do ex-aluno, colega de trabalho e amigo dileto Ronaldo Salgado.

Ao ser questionado sobre o que o inquieta na prática do jornalismo atual, respondeu quase aquilo que, de muito, nos acostumamos a ouvir quando lhe privamos alguns instantes de prosa: “ – O abandono do fazer jornalístico no sentido estrito do termo. [...] Alguém pode dizer: as coisas mudaram. Sim. Mas a essência do jornalismo não pode mudar”.

A entrevista estampa, talvez, o único título que lhe faz sentido [O Jornalismo quixotesco], pois proposta a estampar as verdades e os sonhos deste visionário e incorruptível cavaleiro que empunha a voz, a pena, o diploma e a alma em prol de um jornalismo que parece fugir ao ritmo dos novos tempos como fugia o vento sem melindrar os moinhos/dragões da saga do cavaleiro da triste figura.

O “alguém” imaginário da reposta de Ronaldo Salgado, no entanto, parece estar mais próximo do espírito do tempo [ou mais “antenado” como se diz atualmente] com suas ideias de coisas mudadas, em detrimento dos ideais conservadores, irredutivelmente cultivados pelo agora aposentado, mas não inerte, paladino Jornalista [Com J em caixa alta].

2   - Jornalismo AMARELO (CLIQUE SOBRE AS IMAGENS PARA AMPLIÁ-LAS)


Há um personagem de Histórias em Quadrinhos [que os americanos do Norte teimam em nomear como o primeiro personagem do quadrinho moderno (?)] criado pelo ilustrador Richard Felton Outcault, em 1895, que ficou famoso por causa da cor do seu camisolão chinês: amarelo.

Não alcançou projeção com o seu nome, Mickey Dungan, que quase ninguém conhece, mas por seu apelido, Yellow Kid (aqui, Garoto Amarelo), galgou patamares de popularidade mundial.

Sua história e trajetória se confundem com o sensacionalismo e os deslizes éticos aos quais se permitiam os magnatas da imprensa (Pulitzer x Hearst), na desenfreada luta pelos leitores imigrantes de baixa renda e quase nenhum domínio do idioma ianque. Daí, gerou-se o termo Yellow Journalism, o “jornalismo amarelo”, depois adequado para “imprensa marrom”, que se aplica não apenas ao jornalismo sensacionalista, mas, e principalmente, àquele onde a ética é, quase naturalmente, escamoteada; em outras palavras, o jornalismo sem a sua antiga e verdadeira essência.

Li na sexta-feira, 24 deste março, a página esportiva dos dois principais jornais desta nossa cidade de Fortaleza e fiquei atônito com a “mudança das coisas”. Vi a notícia da vitória da Seleção Canarinha [também em tempo de mudança, inda bem que para melhor] sobre aquele Uruguai que lhe tirou, em pleno Maracanã, o título de campeão mundial da copa de 1950.

      

Meu estarrecimento se deu diante de algo inusitado que tenho dificuldade de definir, pois ao fazê-lo, possivelmente arriscaria alguns valores que ainda detenho como sagrados e, certamente, avançaria a minha postura crítica além do que me permito.

Vi o que, em análise técnica, poder-se-ia chamar de “notícias compartilhadas”: a mesma matéria, com pequeníssimas e, mal elaboradas e/ou disfarçadas modificações, publicada em periódicos concorrentes.

3   - Jornalismo TRANSPARENTE

Em outros tempos, quando daqueles valores e propósitos defendidos pelos quixotescos profissionais que aos poucos vão abandonando o espaço do fazer e do ensinar jornalístico, tal ocorrência se revestiria de consequências severas, teria outros nomes e cobraria as atitudes éticas às quais não se cogitava precedentes.

A integridade do profissional e da instituição seriam impostas como legado primordial de respeito ao leitor e à honra do Jornalismo sério, justo, livre e transparente.  

Nestes dias de tempos mudados, cabe-nos apenas o estranhamento (?).


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