PARTO OU MORTE
Rui Martinho Rodrigues*
Pós-modernidade é o que vem depois da
modernidade, sem aludir a substância? Ou a substância é a negação da
modernidade? Ou é a transição entre fases distintas da modernidade, como a alta
e baixa Idade Média?

A pós-modernidade nega verdades objetivas e
universais, alegando que “o ponto de vista é apenas a vista de um ponto”,
excluindo a possibilidade do conhecimento objetivo; despreza o universalismo,
em nome da especificidade e do particularismo; afasta a indisponibilidade dos
direitos fundamentais em nome de fins supostamente excelsos; destrói as
referências sem as quais só resta senão a força como meio de dirimir conflitos.
Negar referências e falar em valores excelsos é a própria contradição nos
termos.

A tentativa de impor novos marcos se mostra
inviável. Tentam oficializar a moral “politicamente correta” que só tem
exacerbado os ânimos e estimulado a intolerância, ao modo da inquisição,
patrulhando palavras “heréticas” com um index
do léxico proibido. A modernidade era laica. A pós-modernidade adota um
laicismo falso. É sectária. Não se trata de alta baixa modernidade. São coisas
distintas.
Brincadeira de mau-gosto, antes ignorada,
passou a ofensa intolerável. O individualismo hipertrofiado, com a ilusão da
liberdade de ser, em lugar da liberdade de agir, é proposto ao lado do
coletivismo sufocante, dos comitês aparelhados, formando uma mistura
contraditória.
O crime, o terrorismo, a falta de referências
e a licenciosidade epistemológica ameaçam a modernidade, ao ameaçar os direitos
fundamentais e indisponíveis, a exemplo do devido processo legal, da presunção
de inocência e do respeito à liberdade negocial no campo da licitude, porque
são reflexos da perda de referências. O relativismo laxista e a hipertrofia do
bem público esmagam o indivíduo alegadamente para protege-lo.
Lava jato e Donald Trump são exposições das
vísceras da pós-modernidade.
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