A FALÁCIA DA
MANIPULAÇÃO
Rui Martinho
Rodrigues*


A
Igreja Católica também apoiou o Crivella. Lideranças populistas emergentes,
como a família Bolsonaro, católica, o apoiou. Evangélicos e protestantes também
o apoiaram? Nem todos. Estes rótulos designam uma vasta diversidade de
tendências no plano teológico e na política.
Não
houve uma clivagem confessional. Caso houvesse, o sobrinho do Edir Macedo não
teria sido eleito. Houve uma resposta ao desastre em que “esclarecidos” meteram
o Brasil, o escárnio para com a probidade administrativa e a lei, o acirramento
dos ressentimentos, agudizando conflitos para fins de exploração política. Foram
desmascarados os santarrões “politicamente corretos”.

A
burguesia votou no fundamentalismo que milita contra ela. Acredita que a
serpente está sem veneno. Preocupo-se mais com o hedonismo e a permissividade
que outro farisaísmo condena.
Falta
ao fundamentalismo secular a competência para fazer a crítica lúcida do
capitalismo, que promove a riqueza, democratiza o desfrute de bens e serviços,
torna a vida cômoda e dessacraliza o mundo e a vida, afastando o espírito de
ascese, responsabilidade e esforço. A riqueza enfraquece o caráter, leva a
anomia e à decadência. A prosperidade e o sucesso econômico ameaçam o
capitalismo. Conversões em massa ao Islã, na próspera
Europa; ou Marcelo Crivella no Rio de Janeiro revelam que o povo simples está
percebendo isso, ainda que inconscientemente. Quem é manipulado são os
letrados, tontos que ficam pela leitura dos sofismas dos grandes pensadores.
O
ópio dos intelectuais fez a crítica errada, desmentida pelos fatos:acusou o
capitalismo de empobrecer. Queria explorar politicamente os pobres.Os fatos
desmentiram tal crítica. Agora provocam conflitos entre fenótipos, gerações,
gêneros e o que mais houver, explorando os ressentidos.
O
povo disse não.
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