domingo, 16 de fevereiro de 2020

POEMA - Ridículo (RV)


RIDÍCULO
Reginaldo Vasconcelos*

Posso esvaziar a mente de todo pensamento, e é isso o que faço. 
Não compensa pensar. 
Não é viável esperar que os circunstantes sejam todos bem-pensantes.

Calo. Sento. Sorvo um pouco de alimento e ouço os passarinhos. 
Morrer talvez fosse ridículo, mas não tanto quanto a vida. 
A vida é tão ridícula quanto as cartas de amor, mas não tanto quanto esse verso de Pessoa.


Não quero rir, nem quero chorar. 
Não quero ouvir sobre meus erros. 
Não quero o medo. Prefiro a morte. Não quero ser o que não sou. 
Nem o que sou eu quero ser. 
Eu quereria não ser nada. 
Não sou nada.

A presunção, a cupidez, a vaidade, a ufania... tudo ridículo sentimento. 
Quero a companhia, quero o olhar, quero o silêncio. 
Querer bem sem interesse é tudo o que eu quero.

Estou farto do que é fátuo, do que é ridículo, do que é vicioso, do que é ocioso. 
Quero deitar e morrer. Dormir e descansar. 
Não quero mais nada.


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