SEXO NA INFÂNCIA E
NA ADOLESCÊNCIA
Rui Martinho Rodrigues*
A gravidez na adolescência e na infância é uma realidade. Ganhou
proporções epidêmicas. É um problema de saúde e desafio social de grande
complexidade. Não tem solução simples, fácil ou rápida. O aparente paradoxo do
aumento da gravidez infanto-juvenil quando os métodos contraceptivos
tornaram-se conhecidos e de fácil acesso, em plena era da informação não é
nenhum mistério. Crianças e adolescentes não são tão disciplinadas quando
exercem atividade sexual. Não usam os referidos métodos de modo eficaz.

O aumento dos casos de gravidez infanto-juvenil indica o aumento das
práticas sexuais neste grupo. Erotização da faixa etária é um fator importante
na gênese do fenômeno, cuja análise exige o exame de muitos aspectos. Pode
haver um componente psiquiátrico quando se trate de abuso praticado por adulto,
mas não representa uma parcela significativa dos casos de gravidez na
adolescência. A mudança cultural fortaleceu o relativismo axiológico e
estimulou o hedonismo. A busca do prazer e o descrédito da normatividade social
propiciam a sexualidade precoce e a gravidez é consequência.
O debate político opõe diferentes concepções. Alguns consideram a
sexualidade na adolescência e até na infância como uma forma de libertação,
recusando o adjetivo precoce, embora em certas circunstâncias manifestem
revolta em face da pedofilia. É tentador acomodar contradições. Outros entendem
que as práticas sexuais na faixa etária aqui considerada constituem abuso de
vulnerável, contando para tanto com o amparo da lei. Outros, ainda, olham as
práticas sexuais sem as quais não haveria gravidez como reprováveis do ponto de
vista moral e confessional.
Que todos tenham liberdade para defender suas ideias, ainda que
sejam contrárias ao ordenamento jurídico, para que este possa ser modificado.
Defender teses contrárias a lei não se confunde com práticas ilegais. A crítica
é necessária, mas não justifica ataque. A moral do outro não é preconceito. Formulada
sabendo do que se trata é conceito. A lei deve ser respeitada sem cercear a
crítica. A liberdade de crítica,todavia, não é exclusividade de nenhuma
corrente política. Condenar a pedofilia não um ato escandaloso e não deve ser
apresentado como tal.
A educação é importante fator a ser considerado. A escola deve ter
lugar na reflexão sobre o tema cuja análise também deve considerar a família, a
capacitação, a confiabilidade e a credibilidade de professores, os limites da
diretividade da escola em matéria de foro íntimo como é a sexualidade. Desestimular o erotismo na adolescência como parte dos valores de grande parcela
da sociedade; exercer a crítica do hedonismo e do relativismo axiológico;
advertir para o potencial de problemas práticos ligados a atividade sexual é um
direito. Não é absurdo. Adiar um pouco a iniciação sexual reduz o índice de
gravidez na adolescência como aconteceu na África.
Nenhum comentário:
Postar um comentário