quarta-feira, 6 de setembro de 2017

SONETO DECASSILÁBICO PORTUGUÊS - Líquidos Reclamos (VM - MC)


LÍQUIDOS RECLAMOS
Vianney Mesquita (tercetos)*
Márcio Catunda (quartetos)**



No muro o caracol se derrete
nos rabiscos da assinatura prateada.
(Dalton Jerson Trevisan. Curitiba, 14 de junho de 1925)


Murmúrio d’água, fluido primitivo,
Do alto acolhes o mundano abismo;
Na melodia em que me tens cativo,
Nas coisas celestiais contigo cismo.

Fonte vital do sonho e do lirismo,
És a bênção que acalma o afolivo,
És sonoro Jordão do meu mutismo,
Por teu precioso bem respiro e vivo.

Às náiades suplico o flumen divo;
Na lassidão, me apego ao meu fluidismo
Áqueo, de linfa clara e transluzente.

Oh líquor lamentoso! Em meu laxismo,
Liquesce a solidez do atavismo
A me conter ininterruptamente!





  

Um comentário:

  1. Ah, os mistérios dos cantos cardeais do corpo e do sonhar! Belíssima ode aos reclamos dos líquidos sentidos!
    Ave!
    Edmar Ribeiro

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