EU ANDO NA LINHA
João Pedro Gurgel*
Muitas
pessoas devotam seu ódio a quem está preso. Não importa qual crime, quais
circunstâncias nem qual contexto. Se está na cadeia, é porque “não presta”, e
assim, nenhuma humanidade deve ser oferecida, pois “gente ruim não tem
salvação”.
A
argumentação de quem é pró-desumanização é forte. Contudo, para os que ainda
acreditam no bem da humanidade, há esperança, e, devo falar em minha maior
inspiração para uma Justiça Criminal humana, que não vem de um jurista, nem de
um cientista, mas sim do músico Johny Cash.
Johny
Cash foi um cantor americano, contemporâneo de Elvis Presley, que, como muitos,
compunha canções sobre o estilo de vida americano. Sucessos como “I Walk The Line” (Eu ando na linha), que
falam sobre uma vida recatada, ir à Igreja, sonhar em pegar na mão da amada, e temas
fins.

Em
meio à depressão que acompanhou a derrocada pós-vício, as cartas mais lindas e inspiradoras
de fãs vinham de lugares inusitados: das prisões mais sombrias dos EUA. Sim,
aqueles homens tinham perdido a esperança em si mesmos. Contudo, eles
encontravam na música de Cash o desejo de um dia serem puros, terem uma
família, enfim, andar na linha novamente.


Não
sei o que o futuro me reserva no Direito Penal, que tanto amo. Mas, como jurista,
devo admitir que o conhecimento só fará sentindo se um dia tiver um pedaço do
coração desse ídolo, falecido em 2003, o inabalável Johny Cash.
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