sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

ARTIGO - A Banalidade do Mal (RMR)


A BANALIDADE DO MAL
Rui Martinho Rodrigues*


Toda violência é contra o mais fraco. Bêbado, preso, criança, mulher, idoso, deficiente físico são casos particulares de fragilidade.

A violência pode ser regulamentada ou legitimada pela cultura ou pelo Estado e não regulamentada. Castigos corporais dos pais nos filhos são da tradição cultural. A violência do Estado, na guerra e no Direito Penal, também é regulamentada.

A violência não reconhecida pelo Estado e pelas tradições culturais em geral é crime. Cabe a distinção entre violência física e psicológica, mas ambas se enquadram na classificação “regulamentada ou não regulamentada”. A primeira tem sujeito ativo e passivo, motivo, lugar e ocasião definidos. A palmatória da professora era um exemplo disso. Sujeito passivo: aluno; sujeito ativo: professora ou um colega sob as ordens da mestra; motivo:  não saber a lição; lugar e ocasião: sala de aula, o que a faz previsível. A violência regulamentada pode ser executada com excesso ou arbitrariamente, deixando de ser legítima. Quando a violência regulamentada recua a informal avança, como aconteceu na escola. A violência não regulamentada é imprevisível.

A vulnerabilidade, a suscetibilidade, o choque entre valores, interesses ou vaidades, a insegurança real ou psicológica e a impunidade contribuem para a violência. No caso em exame, os dois agressores, como soe acontecer, eram a parte mais forte. 


A falta de intervenção de terceiros? Não é prudente intervir em conflito. É possível topar com uma gang ou organização criminosa. Ninguém se mete em confusão.

A onda "politicamente correta" ensina tolerância zero com a moral tradicional. Ofendido por ver os seus valores desqualificados, alguns reagem estupidamente. O orgulho gay e o de macho que se presume poderoso tornaram-se matéria inflamável de fácil combustão. Ativistas políticos e intelectuais alimentam a exaltação de ânimos. As redes sociais completam a receita trágica.

A mudança cultural rápida e profunda causa conflito. A insegurança de quem sente os seus valores e o seu mundo ser rejeitado está presente dos dois lados. Os crimes esclarecidos e punidos são uma parcela ínfima da criminalidade, reforçando a impunidade e a violência, principalmente quando dirigida contra pessoas socialmente “desimportantes”.

Não há pregação de ódio nos púlpitos, ao contrário do que se diz, mas incompreensão ou má vontade dos que confundem exortação com abominação. Estão exigindo respeito. A democracia, porém, só prescreve coexistência pacífica. Juízo moral é parte da liberdade de consciência e de expressão.

Agredir sem motivo tornou-se banal. A vida perdeu o valor, cedeu espaço ao aborto, eutanásia, suicídio assistido. A pregação contra os valores da tradição hebraica e cristã não se acha responsável por isso. Assassinatos de idosos, bêbados, mendigos, pais, filhos, cidadãos vitimados por bandidos acontecem todos os dias. A presença de homossexuais como vítimas foi o que deu destaque ao recente crime do metrô de São Paulo.



Nenhum comentário:

Postar um comentário