ACERCA DO SONETO
AMIGO
DE
VIANNEY MESQUITA
Geraldo Jesuino*
Amigo é um termo por demais bonito,
Mas de esquisito, estranho, teor destoante,
Porque, num instante, poderá mudar o rito
Prescrito pela execução de um rompante.
Amigo, de ouro, prestígio e gabarito,
Não é um mito, mas verdade ao seu talante,
Uma vez gigante, de aquisições proscrito,
Resta maldito e vai encaminhado adiante.
De bicho e gente, entanto, o proceder destoa
E já não há qualquer amigo no recinto,
Pois para sempre sumiu, doa em quem doa.
Do amigo se esvai eternamente a loa,
Porque, assim, manifestava Alcides Pinto:
Gente é bicho ruim, porém bicho é gente boa.
(Vianney Mesquita)
Meu
caro amigo Vianney Mesquita, irmão.
Não
faz muito, me peguei pensando e quase tendo a certeza de que felicidade não tem
residência fixa, um rosto, nem jeito. Não é só a faceirice trêfega ou o reflexo
inquieto das fartas luzes. Às vezes é simplicidade e sombra acomodada. É certo
que está ali, que é possível. Resta chegar lá com o espírito, quando,
materialmente, aí já estamos.

Amigo,
entretanto, nunca é “ontem”, nunca é “por quê”, nunca é “mas”, nunca é
“talvez”. É o que está, o que é; no alto, no baixo, na claridade, na sombra, no
olho do furacão e na mansidão das brisas.
Também,
algumas vezes, ouvi do gênio Alcides Pinto: – Por que você precisa de sessenta
amigos, se pode ter só cinco?
Acho
que nunca tive os sessenta amigos que julguei ter, mas sei que tenho cinco dos
quais preciso e que não dispenso por nada! Todos, aos seus jeitos, são poetas.
Uns, como ninguém, fazem sonetos.
Tenho
lido os teus escritos, os poemas. Tenho escrito muito pouco, desenhado muito
pouco. Trabalhado pouco. Tenho gastado tanto tempo, e as minhas mãos cavando a
saída para aquela felicidade com a qual me iniciei aqui.
Não
abro mão dela.
Não
estou longe.
A
vida fez uma curva; não nós...
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