segunda-feira, 25 de julho de 2016

RESENHA - Reservas da Minha Étagàre (ER)


RESERVAS DA MINHA ÉTAGÈRE
Aproximações Literocientíficas (1)

Edmar Ribeiro (2)


Nestas Reservas da minha étagère – Aproximações literocientíficas (2015), despontam contares literários e científicos, formando uma estante venturosa, à moda de uma horta forte de mudas, plantas de frutos, arbustos e ervas.

Sombreia-se a estante na teia tecida por dedos finos do sol (fulgor do beletrismo), aprumada com humo para o viço-mor da escolha cuidadosa em harmonia com o signo-ferrete do plantador, sentinela, semeador e podador das mudas e das já viçosas.

O Autor, em um bom contar neste livro, veleja por mares de vários humores e cores. Ora exalta, ora nivela prumos e arestas, quando seu tino aplaina o que é, deverá ser ou poderia ser afinado. Arou com esmero e competência tantos escritos com “acontecências” especiais, desvelada a faina para nosso gáudio e fruição.

Escultor de duas dezenas de belas e densas lavras, produtor de finos e cultos frutos (tantos, tantos), respeitado hermeneuta de escritos e incensado cultor das coisas do intelecto, agora nos enleva, conferindo a esta Étagère cheiro de bons eflúvios de sabedoria, o fluir da ciência, os ternos eventos e notas à moda de lavrador e também espia dos bons frutos. Cioso guardador do normativo e preciso no uso da régua das boas letras, mantém a fé no prumo da produção: crítico literário de respeito, verve, amor e humor. O espírito paira, via mão autoral e plana, na análise dos textos de toda monta: vela a anima e derrama sentido ao saber.

Neste (décimo nono) fruto de sua lav(ou)ra, salta-se-nos à vista um mundo de proseio, de produtos literocientíficos, des(a)fiando; e, instigante, vai-se indo, vai-se indo, topam-se fatos e lembranças volantes, umas de uma simplicidade comovente (parece que aconteceu com a gente...), notas tanto de nascimento de uma Arcádia, como de uma notícia singela, tais e tais, vindas de convivência, de ciência, da consciência, de vivência (em rima e harmonia), constituídas por um intelectual de porte e norte, que tem o cinzel na mão para produzir sua lavra, a lixa para polir as de outrem e a sensibilidade de registrar lembranças.

O leitor, com certeza, vai sacar da étagère de Vianney Mesquita (encantada neste livro) um ou outro. Sentirá os olores do tempo, da tinta, e, correndo os olhos no texto, confirmará que a estante, enfileirada com zelo, boa rega e erudição, não descuida do carinho teimoso e diligente: belas e frondosas são as plantas, expressas neste insinuante objeto caçula dos pujantes filhos plantados por Vianney Mesquita.

Seja louvada esta étagère pelo tom leve e acolhedor do acervo que, por isso, encanta e canta as coisas do espírito e da matéria, entrelaçados e pinçados pela bússola do Autor de ... E o Verbo se fez Carne. Em cada um exemplar aqui contado em vernáculo, sombreia, pairando, seu bem-querer aos leitores.

Assim, venturosos somos, ao termos no alcance o tanto e tudo disposto nas Reservas da Minha Étagère –Aproximações Literocientíficas e pelo deleite resultante de  quantos cantos cardeais velejaremos e desfrutaremos.

Vamos lá, vamos lá, cultores bom-saber e caçadores de proseio e prazeres maiores do tino: gostei. Gostarão vocês!


1 Orelhas do livro (2015), ainda nas oficinas da Expressão Gráfica Editora – 398 páginas.



2 José Edmar da Silva Ribeiro é advogado, professor do Ensino Superior, 
Procurador da Universidade Federal do Ceará. Escritor.


Nenhum comentário:

Postar um comentário