GOLPE DE MISERICÓRDIA
NA MEMÓRIA CEARENSE
José Quintino da Cunha, o poeta Quintino Cunha,
tido como “o Bocage cearense”, nasceu em Itapajé, no norte do Ceará, em 1875, e
faleceu em Fortaleza, em 1943.

Emigrou para o Amazonas durante o ciclo da
borracha, onde passou a publicar seus textos nos jornais locais da época. Por
lá se notabilizou pela publicação do poema “Encontro das Águas”, sobre confluência
bicolor dos Rios Negro e Solimões.
Voltando do Norte do País ao seu Estado, já
atuando como rábula havia anos, ingressou na Faculdade Livre de Direito do
Ceará, concluindo o curso em 1909, passando a atuar na advocacia criminal,
notabilizando-se por suas atuações vitoriosas no Tribunal do Júri, marcadas
pela sua veia satírica apuradíssima.
Foi deputado estadual entre 1913 e 1914, ocasião em que defendia
fervorosamente a melhoria da instrução do povo e onde lutou contra a extinção
da Faculdade de Direito, então cogitada na Assembleia.
Ingressou na
Academia Cearense de Letras em 1922, na época da primeira reorganização,
capitaneada por Justiniano de Serpa, ocupando a cadeira número 22, cujo Patrono
era o poeta Paula Ney.
Mas Quintino integrou
o histórico “Grupo dos Injustiçados”, assim como o Padre Antônio Tomás, por
ocasião da segunda reorganização do sodalício, em 1930, em que foram excluídos,
ele e o Patrono que escolhera.




Os herdeiros venderam o imóvel, e os compradores, da mais tradicional
família da região, os Gomes, deram o golpe de misericórdia na memória do Estado.
Isso combina com o desalento que inspirou Quintinho Cunha ao escrever o seu próprio epitáfio, que até hoje pode ser lido no Cemitério São João Batista em Fortaleza: “O Pai Eterno segundo, reza a História Sagrada, tirou o mundo do nada, e eu nada tirei do mundo”.
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