quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

ARTIGO - Ei Mídia! Deixe as Nossas Crianças em Paz


EI! MÍDIA!
DEIXE AS NOSSAS CRIANÇAS
EM PAZ
João Pedro Gurgel*


Sinceramente, não tenho nada pessoal contra a música voltada para o entretenimento. Contudo, hoje, no ônibus, enquanto ouvia “ah ah ah, vou beber água de bar... Não vou trabalhar, vou beber água de bar”, pensei seriamente em como essas afirmações musicais podem se incorporar ao cérebro de alguém.

A música, ao que diz a História, surgiu com o canto gregoriano, nas igrejas. Em contraste do que vivemos hoje, o que Nietzsche chama de a mais "sublime das artes", a música se tornou um simbólico instrumento de manipulação de massa e propulsionador de novas tendências.

Nesse contexto, os bebedores de água de bar e os pegadores da balada de sábado são estereótipos comemorados pela indústria da música. Ou melhor, a cadeia produtiva da música, que vende o short do cantor, o caderno, a camisa e até o pôster.

Roger Waters, ex-líder do Pink Floyd, nos anos 80, profetizou, em CD, que nós vivemos um em muro. Esse muro é uma espécie de junção entre nossas crises existências com a capacidade que a indústria tem de nos manipular. Waters foi capaz de criar música que expunha o que é esse “muro” – e como sair dele.

Entretanto, esse guia musical foi deixado de lado. O que o Século XXI nos oferece, em termos de música, é uma simplória abordagem dos sentimentos, como o amor e a felicidade. O muro continua, mas não falamos sobre ele, logo, não iremos derrubá-lo. Por isso, antes que esse artigo adquira cunho “rebelde sem causa” proponho aos nobres amigos que reflitam profundamente sobre a música que escutam, pois, no final das contas, ela ajuda a moldar nosso caráter.

Que nós não sejamos apenas mais um tijolo no muro.


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