terça-feira, 29 de outubro de 2024

NOTA SOCIAL - Exemplo de Vida (RV)

 EXEMPLO DE VIDA
Reginaldo Vasconcelos* 


Compareço ao octogésimo aniversário de José Brasileiro, festa suntuosa em que será lançada e distribuída aos seletos convidados a sua biografia, em edição de luxo, da qual fui copidesque e editor.

Adentro extasiado o salão de festas do novíssimo arranha-céu que vi construir desde as fundações e o esqueleto – observando do terraço do Ideal Clube, que é vizinho, entre doses de uísque ou taças de vinho, em eventos que recentemente promovi ou frequentei naquele histórico templo da alta sociedade cearense.


Ninguém é menos José que esse devoto Brasileiro, que fez construir uma capela no refúgio domingueiro da família, nem mais brasileiro, ele que identifica com orgulho o autóctone baiano na sua ascendência muito próxima, já ali nos bisavós – não obstante a sua aparência lusitana. 

Escreveu suas memórias com esmero e com riqueza de detalhes, desde a sua infância famélica no Brasil profundo, de onde saiu para a metrópole com a família, ainda menino, tangido pela estiagem severa dos anos 50, para brilhar na profissão e nas empresas que fundou e administra com a família. 


Agora Brasileiro celebra a adolescência da velhice, com alma de menino, sempre apaixonado pela consorte amadíssima e amantíssima, pela bela família, e principalmente pela vida, cujos percalços ele venceu com galhardia, e com muito trabalho conquistou absoluta independência econômico-financeira e boa projeção social por onde morou Brasil afora.

No seu Lions Clube, no time de futebol que ele fundou, nos profícuos negócios, faz da vida um colorido festival, sempre cultuando a música raiz no seu lazer – hábil no pandeiro, na sinuca, na elaboração de caipiroscas, desde que se tornou mixologista diletante entre os amigos. 

E eu que estou chegando à infância da velhice, que já superei fronteiras, que já escrutinei intelectualmente o Universo e a Humanidade, colecionando experiências e deparando pessoas diferentes, ainda me surpreendo com o caráter luminoso desse Brasileiro genuíno  logo depois de biografar o célebre jornalista veterano pseudonominado Lúcio Brasileiro, coincidentemente. 

E então me ocorre citar passagem poética da lavra de Caetano: “Eu nunca pensei que houvesse tanto / coração brilhando / no peito do mundo”.

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