sexta-feira, 25 de junho de 2021

RESENHA - Reunião Virtual da ACLJ (24.06.2021)

 REUNIÃO VIRTUAL DA ACLJ
(24.06.2021)

   


PARTICIPANTES

Estiveram reunidos na conferência virtual desta quinta-feira, que teve duração de uma hora e meia, nove acadêmicos. Compareceram ao grupo o Jornalista e Advogado Reginaldo Vasconcelos, o Agrônomo e Pesquisador Luiz Rego Filho, o Poeta e Agrônomo Paulo Ximenes. 

Estiveram presentes também o Especialista em Comércio Exterior Stênio Pimentel, o Físico e Professor Wagner Coelho, o Jornalista e Sociólogo Arnaldo Santos, o Advogado e Sionista Adriano Vasconcelos, o Juiz de Direito Aluísio Gurgel do Amaral Júnior, e o Bibliófilo José Augusto Bezerra. 


 TEMA DE ABERTURA

O Presidente Reginaldo Vasconcelos abriu os trabalhos dando boas vindas ao Bibliófilo José Augusto Bezerra, que voltava ao convívio virtual da ACLJ, depois de longa convalescença, sendo o Presidente seguido por todo o grupo, que aplaudiu o confrade efusivamente.  

Em seguida, Arnaldo Santos comentou o convite formulado por seu intermédio ao Presidente da ACLJ, pelo Presidente da Associação dos Advogados do Ceará, Xavier Torres, para um almoço na sede da instituição, onde também está sediado o veterano Clube dos Advogados do Ceará, sob a presidência do advogado e perito criminalístico Jarbas de Almeida Botelho.


ASSUNTOS ABORDADOS

O grupo virtualmente reunido abordou as dificuldades da administração das entidades culturais, razão pela qual muitas delas duram pouco – a propósito do que José Augusto Bezerra relatou os esforços que empreendeu à frente do Instituto do Ceará e da Academia Cearense de Letras, ambos já presididos por ele, as mais longevas casas de letras do Estado.

José Augusto relembrou do apoio financeiro que essas instituições, sob sua gestão, receberam de grandes empresários cearenses – notadamente Seu Ivens Dias Branco e Chanceler Airton Queiroz, saudosos mecenas das letras cearenses, ambos Membros Beneméritos da ACLJ.

Comentou-se depois e se lamentou a redução drásticas dos clubes sociais de Fortaleza, dos quais, antes dezenas, restam o Náutico Atlético Cearense, o Ideal Clube e o Iate Clube – tidos desde sempre como os mais "elegantes" da Cidade.

Também se comentou com tristeza não mais existir em Fortaleza nenhuma das suas tradicionais "Peixadas", que eram situadas na Av. Beira Mar, e que eram um grande atrativo turístico e gastronômico da Cidade – a última delas a mais antiga, a Peixada do Alfredo, que fechou recentemente, sucumbindo à pandemia.  

Eram restaurantes especializados em frutos do mar, da velha culinária dos pescadores do Mucuripe, tendo como carro chefe as caldeiradas de postas de peixe e opcionalmente camarões, acompanhadas de arroz e pirão, prato que no Ceará adquiriu o nome de "peixada", palavra que também deu nome aos restaurantes.

PERFORMANCES LITERÁRIAS

A propósito do tema das Peixadas da Av. Beira Mar, Reginaldo Vasconcelos leu uma pequena crônica de sua autoria, intitulada "Rebentação", que fez publicar em seu livro "O Passado Não Passa", em 2005, abaixo reproduzida.     


REBENTAÇÃO

Outro dia, fim de tarde, vou ao restaurante à Beira Mar e tomo um caldo fumegante, identificando em cada nota de sabor uma cor marinha, um trecho de praia virgem, um bloco de coral das profundezas, uma abrolho de arrecifes. Nos olhos da mulher que me acompanha, amor eterno.

Da sopa evola-se quente maresia, a cada colherada, marulhando a colher por sobre ondas de sabor, entre sargaços de temperos, rebentação deliciosa e salgadia. 

Tudo contrasta com o leve dulçor de um chope bock: sutil linha de doçura entre amargores, acre buquê, textura negra, morena espuma. Brindamos ao peixe que foi imolado para aquele ritual. Depois, um bom charuto, para incensar a lua que desponta. 

Que vida dura!



Depois disso, Aluísio Gurgel apresentou a leitura de um crônica do confrade Paulo Ximenes, intitulada "Obviedades", que trata com bom humor das expressões retóricas tantas vezes aplicadas pelos usuários do idioma, clichês da linguagem que examinadas com atenção afiguram-se absurdas. 

Após a leitura alguém lembrou, comparativamente, o livro "Festival de Besteiras Que Assola o País", do jornalista e escritor satírico carioca Sérgio Porto, de pseudônimo Stanislaw Ponte Preta (1923-1968) – como também foi lembrado o anedótico bodegueiro do Cariri conhecido como "Seu Lunga", famoso por sua intolerância a perguntas tolas. 
   
Na sequência, Luiz Rego declamou o poema "Chuva nos Cabelos",  do carioca Augusto Frederico Schmidt (1906-1965), abaixo transcrito de postagem da Internet. A postagem expõe a dubiedade que os versos transportam, quando,  após toda a sensualidade sugestiva de uma mulher, a musa molhada se transfigura em vegetal. 



Por fim, José Augusto Bezerra apresentou duas relíquias de sua vasta e valiosa coleção. Primeiramente a medalha de outro outorgada pela Coroa Brasileira ao químico alemão Theodoro Peckolt, agraciado com o título de Oficial da Imperial Ordem da Rosa, em 1864, pelos seus trabalhos em farmacognosia e química orgânica.

Apresentou também José Augusto  o belo colar com que ele mesmo foi distinguido pela Academia Portuguesa da História, cuja sede fica no Palácio dos Lilases, Alameda das Linhas de Torres, em Lisboa. Essa honraria lhe foi prestada em reconhecimento de sua grande importância nas letras do idioma luso, como fundador e presidente da Associação Brasileira de Bibliófilos. 


    DEDICATÓRIA

A sessão virtual da ACLJ realizada nesta quinta-feira, dia 24 de junho, foi dedicada a Irapuan Augusto Borges, falecido neste último dia 22,  aos 89 anos, veterano homem de imprensa cearense, um dos últimos de sua geração de jornalistas, radialista que foi desde a mais tenra juventude, um dos pioneiros apresentadores da televisão cearense.
 
Augusto Borges, Membro Titular Fundador da Cadeira de nº 5 da ACLJ, patroneada por Paulo Cabral, lançou em seu programa Show do Mercantil, na antiga TV Ceará, aqueles que seriam grandes nomes da música cearense, como Raimundo Fagner, Ednardo e Belchior, que despontaram para a fama nacional como "Pessoal do Ceará".


O mais longevo comunicador cearense, Augusto Borges esteve no ar com um programa semanal de variedades, pela atual TV Ceará, intitulado "Ontem, Hoje e Sempre"  até sofrer um acidente vascular cerebral, no começo de 2020, que o fez perder a mobilidade.  


À memória do nosso estimado e saudoso confrade Augusto Borges, a sentida homenagem póstuma dos que fazemos a ACLJ.


    

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