FOI SÓ UM “FICA”
Edmar Santos*
Tum, tum, tum é a
onomatopeia que define o seu coração quando ela passou. Incontido, levantando-se
da cadeira posta na calçada do bar onde tomava seu costumeiro uísque com red
bull, ele tentou chamar a tenção dela. Sem sucesso.
Cabelo longo caído
pelo ombro esquerdo, salto de plataforma, short jeans desfiado, blusa de costas
nuas; ela seguia com aquele andar que primeiro faz arregalar os olhos, depois
causa aquela vontade tomar um gole longo, pra ver se o desejo que quer sair
pela boca volta pra dentro. Araha!
Ele não desistiu.
Percebeu que ela encontrou com amigas no mesmo bar em que estava; que se
confraternizou, e logo entrou na vibe da música estilo sertaneja que a
banda tocava no palco pequeno do lado esquerdo de quem entra.
“Linda!” Ele dizia
si mesmo, como se tivesse um amigo imaginário para dividir seu sentimento
naquela hora. Encheu o copo longo com outra dose do mix preferido, quatro pedras de gelo; movimento circular para homogeneíza
a substância. Amenizou a timidez.
Agitando um dos
braços pro alto e cantando a música, intermitente, ela tomava goles de cerveja
como se a canção lhe colocasse em um contexto desejado. Marília Mendonça foi
interpretada com maestria pela cantora cover que cantava a música “intenção”.
Curtia o momento.
Ele chegou perto. O
som musical deu o embalo para a aproximação. Ela o olhou rapidamente com a
precisão de um scanner, sorriu... viu que não era o que se podia chamar
bonito, mas gostou da investida; “está faltando homens de atitude como esse
ultimamente; gostei!” – pensou!
Brindaram, e por
causa do barulho festivo no ambiente, o papo fluiu ao pé do ouvido. Goles
curtos... sorrisos fáceis, mão na mão. Dançaram juntos... Um beijo no estilo
“fiquei”.
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