domingo, 3 de novembro de 2019

ARTIGO - Uma Coisa é uma Coisa e Outra Coisa é Outra Coisa (RV)



UMA COISA É UMA COISA 
OUTRA COISA 
É OUTRA COISA
Reginaldo Vasconcelos*



Calado, Eduardo Bolsonaro é um poeta – como teria dito o jogador Romário sobre o insigne Rei Pelé. Sim, a usina de bobagens que os “três zeros” do Presidente alimentam é de conhecimento geral e de repúdio nacional, e neste episódio da referência ao AI-5 a autoridade de pai foi exercida a vez primeira, fazendo o meninão voltar atrás, se desdizer, se desculpar.

De fato, o AI-5 não foi um episódio autônomo na História do País, mas o momento mais agudo do período de exceção, nos governos militares. Referir-se, pois, a esse ato institucional como um evento que se pudesse repetir durante um governo democrático é de supina estupidez.

Por essa e por outras, mesmo e principalmente os apoiadores do Governo Bolsonaro vivemos todos em sobressalto em relação às manifestações inoportunas e importunas dos três príncipes da República, falastrões e boquirrotos – meninos do Rio, com muitos anos de praia e de carioquíssima malandragem. Ponto.


Entretanto, “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”. Tão despropositada quanto a referência ao AI-5 por Eduardo Bolsonaro foi a celeuma da imprensa, das esquerdas e das tantas autoridades rastaqueras que repercutiram a respeito, com indignação e virulência.

Embora de forma canhestra, o que o Deputado quis dizer, sob o pálio legítimo da imunidade parlamentar, ao fim e ao cabo é uma verdade retumbante  e a essência da mensagem qualquer pessoa de boa-fé e mediana inteligência entenderia claramente.

Na verdade, Eduardo Bolsonaro, em sua fala pouco hábil, não fez o elogio da ditadura, nem apologia de medidas de força contra o povo, em detrimento da democracia – tampouco praticou incitação ao ilícito, mas inteiramente o oposto – ao contrário do que se tem tentado lhe atribuir e repreender.

O que Eduardo fez, ou pretendeu fazer, foi um alerta mais do que pertinente, como temos feito de modo reiterado – em que pese não ter a nossa palavra o peso político dos pronunciamentos públicos de um Deputado Federal, dono de um eleitorado imenso, e filho do Presidente da República.

O que tentou dizer o “Zero Três” – e que temos dito, sem fazer augúrios nem torcer que isso aconteça – é que os militares constitucionalmente incrustados no Governo Bolsonaro, acrisolados pelo patriotismo, terão que reagir com energia – e certamente o farão – recorrendo a salvaguardas entrevistas na própria Carta da República  caso as esquerdas brasileiras resolvam tomar as mesmas sendas antigas do oposicionismo violento, atualmente adotado em outros países da América Latina. Simples assim.


Nenhum comentário:

Postar um comentário