sábado, 26 de maio de 2018

ARTIGO - Nós Não Merecemos o Brasil (RV)


NÓS NÃO
MERECEMOS
O BRASIL
Reginaldo Vasconcelos*


Nós quem, cara pálida? Todos nós, das cinco atuais gerações, e desde os colonizadores, nossos ascendentes portugueses.

Desde quando maltratamos os índios, que não foram bem civilizados – inclusive para assumir o novel mercado de trabalho que o descobrimento lhes abria, pois antes foram tratados como reles gentios – catequizados, vilipendiados, estuprados, desaldeados, espoliados, escravizados, relegados à marginalidade cultural e à indigência absoluta.

E de quando resolvemos traficar africanos infelizes, para serem ainda mais infelizes entre nós, sob a submissão do cativeiro e da chibata – e depois lhes brindarmos com a liberdade civil, sem qualquer respaldo da estrutura social, abandonando-os à miséria e empurrando-os para a marginalidade.

E depois, de quando deixamos de ser uma das potências do mundo da época, pertencente ao seleto e glorioso clube das monarquias parlamentaristas, que até hoje subsistem e prosperam, para, de forma quixotesca, proclamarmos a república, e depois confirmarmos a nossa desgraça no plebiscito de 1993.

Em 1889, tornamo-nos um arremedo de democracia e uma caricatura mal desenhada dos exitosos irmãos do Norte, constituindo-nos numa “republiqueta de bananas”, que vem de déu em déu entre golpes de estado, escândalos financeiros e falências públicas, elegendo um sujeito qualquer para brincar de rei com o povo brasileiro, por um variável período de, em média, meia dúzia de anos.  

Nós, que votamos em um sandeu como Jânio Quadros, e que fomos repetir a dose com Fernando Collor, não sem antes construirmos uma “ilha da fantasia” no centro do território, abandonando a bela Capital Federal de então, que era a Cidade Maravilhosa de fato, e hoje é o epicentro nacional da criminalidade, da corrupção e da vergonha.

Na sequência, entregamos o País a outros falsos “salvadores da pátria”, os quais deixaram a Nação em frangalhos, e que continuam representados no Poder, em pleno exercício da demagogia, dando show de ineficiência, a promover a desmoralização do povo e o desmantelamento do Estado Nacional.

Enfim, sob Juscelino Kubistchek desativamos a malha ferroviária, que merecia ser mantida, zelada e ampliada pela nossa superfície continental, e, sob Lula da Silva e caterva, nós quebramos a Petrobrás – e agora não sabemos o que fazer para transportar a nossa vida pelo caríssimo modal rodoviário. E agora, José?

Contristado, encerro o artigo de forma melancólica, com uma sentença shakespeariana: “A culpa não está nas estrelas, mas ela está dentro de nós”.


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