PEIXE PRA TIRA-GOSTO
Totonho Laprovitera*

O grande brega-star Falcão me contou que o notável violonista Tarcísio Sardinha anda bebendo num bar fuleragem que só, lá pelas bandas do Rodolfo Teófilo, airoso bairro da cidade de Fortaleza.

Pois bem, noutro dia, depois de uma talagada de cachaça tamanho dum bonde, um deles aloprou e apagou a cabeça do peixe por inteiro. Foi um deus-nos-acuda e o pau comeu de esmola, na calçada!
– Ôoorra, esse carniça traçou a cabeça do peixe todinha!
– Fuleragem, tu não deixou
escapar nem o oi do bicho!
– Ah, mói, desse jeito não
tem condição, não...
– Garai, tira-gosto é pra
beliscar, né almoço, não...
– Agora pronto, o mundo vai
se acabar!
– Pois, faça o seguinte:
pelo menos beba uma cachaça melhorzinha...
– Por que?
– Ora, porque com cachaça
boa, o tira-gosto sobra...
– Home, quer saber duma
coisa?
– Não.
– Não é uma ova! Pegue o
resto desse peixe véi e...
– No seu!
– Me respeite, seu fela!
Resumindo. Acabada a
enronha, com a intervenção da turma do deixa-disso, quando deram fé, já tinham
apagado – “comido” – o peixe inteiro! Pra não perder a viagem, mortim de fome,
um esgalamido lambeu a calçada, como prato fosse!
E é desse jeito, comumente,
em derradeira confusão, que acaba a longa jornada de batente do já famigerado
Bar do Peixe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário