O DEDO DO MEIO
Reginaldo Vasconcelos*
O Ministro do STF Alexandre de Moraes foi vaiado em estádio de São Paulo, neste dia 30 de julho, onde fora assistir a uma partida de futebol – logo após ser sancionado com as tenazes morais da lei Magnitsky, pelo Governo Norte-Americano.
O Magistrado reagiu agressivamente aos apupos de repúdio, com o gesto clássico da exibição ostensiva do dedo médio da sua mão na direção dos desafetos, atitude que a imprensa nacional tem narrado como “exibição do dedo do meio”, como se não soubesse exatamente o que isso simboliza.
Os redatores sudestinos fogem da designação “dedada”, que por lá é popularmente aplicada a esse repelo gestual, enquanto no Nordeste se diria “cotoco”, verbete do dicionário da ACLJ “Dialeto Cearense”, o léxico que colige e disseca – gramática, semântica e etimologicamente o jargão estadual.
Exibir o dedo médio, simbolizando o pênis humano, mantendo flexionados os vizinhos indicador e anular, para simular os dois testículos, é gesto que remonta aos tempos da Roma Antiga, quando então utilizado pelas prostitutas para convidar os potenciais clientes a contratarem os seus serviços.
Modernamente, em todo o mundo, o dedo do meio em riste – mesmo sem os acessórios digitais vizinhos que completariam a configuração do órgão genital – inverteu o sentido, já que passou ao significado simbiótico do macho ativo e viril, desmoralizando grosseiramente eventual adversário.
Toda sorte, o uso desse gesto obsceno, tanto pelas profissionais do sexo na antiguidade romana, quanto entre os nossos coetâneos da modernidade, sempre foi característico do submundo social – de tudo que é nego torto, do mangue e do cais do porto, e de quem não tem mais nada. (...) E dos detentos, das loucas, dos lazarentos, dos moleques do internato” – parafraseando Chico Buarque, em “Geni e o Zepelim”.
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