terça-feira, 24 de maio de 2022

ARTIGO - Eficiência Para a Boa Governança (DP)

Eficiência para a
boa governançA
Djalma Pinto*

 

   

Todo cidadão de 16 a 70 anos, no Brasil, fica indignado com o presidente do seu clube de futebol por contratar um atacante camisa nove que não sabe fazer gol. A indignação não é menos profunda diante da contratação de zagueiro especialista em fazer gol contra. Os xingamentos ao dirigente são impublicáveis. Nenhum torcedor perdoa a falta de compromisso da diretoria do clube com a eficiência, afinal é ela imprescindível para garantir o sucesso, a competitividade e a prosperidade de sua agremiação.

Os mesmos torcedores, que exigem a utilização do critério da meritocracia na contratação dos atletas para o seu time, se mostram completamente indiferentes em relação ao Prefeito, Governador ou Presidente da República que nomeia secretário ou ministro de estado sem qualificação para a respectiva secretaria ou ministério. 

Qual a razão dessa indiferença? A resposta é simples: a falta de educação para a cidadania prevista no art. 205 da Constituição. Ao contrário dos torcedores que se preocupam com o destino do seu clube, os cidadãos, mesmo financiando todas as despesas do poder público, se mantêm indiferentes à sua governança.  Esse déficit transforma em letra morta, entre outros, os princípios da probidade e da eficiência exigidos pelo art. 37 da Constituição em todas as ações dos agentes públicos.  

Nas eleições que se avizinham, os eleitores, além de combater a compra de voto, devem exigir de cada candidato à chefia do Executivo uma informação detalhada sobre os critérios para escolha dos secretários e ministros que serão nomeados para as respectivas pastas. É urgente que cada pessoa, detentora de uma fração da soberania popular, tenha plena consciência de que a pobreza, a violência e a baixa escolaridade como óbice à prosperidade da população, não decorrem de praga do além. Todas estas mazelas provêm do descaso para com os princípios da eficiência, da impessoalidade e da supremacia do interesse coletivo.

Assim como o time de futebol sofre em decorrência das contratações erradas dos seus dirigentes, o povo amarga com a pobreza e outras mazelas os efeitos das nomeações para os cargos relevantes em que o mérito, a retidão e a devoção à causa pública são desprezadas.

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