quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

CRÔNICA - Balcão do Seu Gerardo (TL)



BALCÃO DO
“SEU” GERARDO
Totonho Laprovitera*




 – Menino, compra um rolo de linha lá no Gerardo Magalhães!

Conta-nos Plínio Magalhães que era assim que a maioria das mães mandava seus filhos irem ao estabelecimento comercial do “seu” Gerardo Magalhães.

Das tantas vezes que fui à Viçosa do Ceará, uma das mais marcantes foi quando da cerimônia de inauguração da urbanização da Igreja do Céu, projeto de minha autoria.

Pois bem, passada a solenidade, com direito a hasteamento das bandeiras ao som do Hino Nacional, discursos vários, descerramento de placa, busto e tudo mais, encerradas as formalidades, fui convidado pelo Adail Fontenele a festejar o feito na bodega do seu Gerardo.



Quando adentrei à acolhedora casa, me saltou aos olhos o belo e sinuoso balcão de madeira, serpentinamente amoldado ao salão, que me fez lembrar das ousadas e engenhosas curvas nas obras de Oscar Niemeyer.

Acotovelando-me no universo curvo do balcão do Seu Gerardo, eu não me senti dividindo um lugar com ninguém. Senti-me, sim, somando em um ambiente que multiplicava o tempo todo o hábito da excelência dos bate-papos. Lá, foi onde percebi que o melodioso clima de Viçosa procede do equilíbrio entre o frio da atmosfera da cidade e o calor da fineza da sua gente.

Pois é, visitar o balcão do Seu Gerardo Magalhães me foi uma autêntica aula de arquitetura e vida. Afinal de contas, o balcão não era um balcão, era um altar!


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