BALCÃO
DO
“SEU”
GERARDO
Totonho Laprovitera*
– Menino,
compra um rolo de linha lá no Gerardo Magalhães!
Conta-nos
Plínio Magalhães que era assim que a maioria das mães mandava seus filhos irem
ao estabelecimento comercial do “seu” Gerardo Magalhães.
Das
tantas vezes que fui à Viçosa do Ceará, uma das mais marcantes foi quando da
cerimônia de inauguração da urbanização da Igreja do Céu, projeto de minha
autoria.
Pois
bem, passada a solenidade, com direito a hasteamento das bandeiras ao som do
Hino Nacional, discursos vários, descerramento de placa, busto e tudo mais,
encerradas as formalidades, fui convidado pelo Adail Fontenele a festejar o
feito na bodega do seu Gerardo.
Quando
adentrei à acolhedora casa, me saltou aos olhos o belo e sinuoso balcão de
madeira, serpentinamente amoldado ao salão, que me fez lembrar das ousadas e
engenhosas curvas nas obras de Oscar Niemeyer.
Acotovelando-me
no universo curvo do balcão do Seu Gerardo, eu não me senti dividindo um lugar
com ninguém. Senti-me, sim, somando em um ambiente que multiplicava o tempo
todo o hábito da excelência dos bate-papos. Lá, foi onde percebi que o
melodioso clima de Viçosa procede do equilíbrio entre o frio da atmosfera da
cidade e o calor da fineza da sua gente.
Pois
é, visitar o balcão do Seu Gerardo Magalhães me foi uma autêntica aula de
arquitetura e vida. Afinal de contas, o balcão não era um balcão, era um altar!
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