SE COLAR, COLOU
Totonho Laprovitera*
“A vantagem quando é muita, engole o esperto.” (Toim da Meruoca)
Existe uma história em que um garçom colocou na nota, além dos 10% de gorjeta, a sigla “SCC”, com um valor superior ao da comissão a que tinha direito. Aí, o cliente perguntou o que significava a sigla e o escovado garçom respondeu: “Se colar, colou”.
Pois é, “se colar, colou” é uma expressão usada quando alguém,
mesmo sabendo que a mesma não procede, fica na espera que a outra pessoa aceite
sem questionar. Geralmente, quando o dito-cujo age assim, ele esconde algo para
tirar proveito em benefício próprio. No mundo corporativo, é uma atitude egoísta
muito usada, e até serve de base para negociações.
Ao escutar falar que todos somos mentirosos e que as inverdades são essenciais para vivermos bem em sociedade, eu me pergunto: Quem já não mentiu ou omitiu por receio de falar a verdade? Chama-se Clodo D’Neer, o mancebo que se apresenta como modista e vive caçando destino. Mas às vezes nem sempre, quase nunca, não acha nada. Dizem que ele é um blefador – aquele que procura ouro e não o acha. Mas como ele mesmo fala, “nenhum sonho é grande demais, e nenhum sonhador é pequeno demais”.
Gosta de beber e apreciar os derivados de malte, cevada, cana-de-açúcar, aluá, cauim, raiz-de-zimbro, quinino, artemísia, cereais, agave azul, uva fermentada, melaço e garapa.
Pois bem. Clodo conheceu Suellen Keydma, do Bairro Parque Manibura, por ocasião de um concurso de beleza em que a espilicute modelo foi premiada com um clareamento de virilha, com água sanitária, no salão de beleza mais chique do Acaracuzinho, conjunto residencial de Maracanaú.
Clodo se disse bamburrado, e se gabou de ser atleta e já ter competido nos Jogos de Inverno do Distrito de Juá, no município cearense de Irauçuba, disputando em três modalidades: bila, triângulo e cangapé. Mandou um balaio de conversa, mas de nada adiantou a sua lábia, quando Suellen descobriu que o tal “modista”, de fato, era mesmo “costureiro de buchada”, no bar “Tripa Açada”, do Lulu 0800!
Pois é, o “se colar, colou” de Clodo não deu o menor pedal com Suellen, que, acabou o chamego com ele, que mal começou, na hora! O conquistador naquele “pode ser que sim, pode ser que não”, ficou lambendo sabão.
Pra terminar, Clodo D’Neer sungou as calças, pegou ar e disse para a modelo:
– Gata, tanto lugar no mundo, e você insiste em ficar na minha mente?
Suelleu, na lata respostou:
– Pra lá, carniça! Falando em mente, você mente chega dá bom dia a jumento!
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