segunda-feira, 11 de abril de 2022

ARTIGO - "Pegada de Resgate" (RV)

 “PEGADA DE RESGATE”
O MELHOR CUMPRIMENTO
Reginaldo Vasconcelos*


 

 

Há registros artísticos e relatos históricos sobre o aperto de mão desde a mais remota antiguidade, e em todas as culturas mundo afora.

 

Na Ilíada de Homero, escrita no ano 800 a.C., estender a mão a outro significava a generosidade de doar.



No Império Assírio, também por volta do Século IX a.C., davam-se as mãos para propor e aceitar acordo de trégua em um conflito.

 

No Egito dos faraós, apertar as mãos era ato místico, relativo à relação entre os deuses e os homens.

 

Na cultura greco-romana, o aperto de mão era um ritual  denominado em grego de  “dexiosis”, palavra que determina o aperto exclusivo das mãos direitas para se firmar um pacto.


 

Na Roma Antiga, durante muito tempo, no ato do casamento, os nubentes davam-se as suas mãos direitas – cerimônia que recebia o nome latino de  “dextrarum iunctio”.

 

Na idade moderna, o aperto de mão, como ato de mera cordialidade social, foi difundido pelos Quakers, um grupo de cristãos protestantes que surgiu na Inglaterra no Século XVII.


Já na contemporaneidade, o compositor americano Louis Armstrong (1901-1971), na canção intitulada “What a Wonderful World” (Como o Mundo é Maravilhoso), pôs o verso: “I see friends shaking hands, saying how do you do?”. (Vejo amigos agitando as mãos, dizendo “como você está?”).

 

Até se consagrou o 21 de junho como o Dia Internacional do Aperto de Mão, talvez porque seja o dia do solstício, quando começa o verão no hemisfério norte (o dia mais longo do ano), e o inverno no hemisfério sul (o dia mais curto).

 

Mas a pandemia da Covid-19 restringiu a prática do aperto de mãos, e evidenciou que ela representa um constante risco sanitário. Convencionou-se, em substituição, encostar os punhos fechados, um ato frio e refratário.

  

De fato, por mais limpas as mãos da pessoa estejam quando ela sai de casa, elas vão manusear corrimãos, trincos de portas, superfícies sujas, objetos vários, e podem ter contato com humores corporais, de modo que o cumprimento pode ser um perigoso vetor de agentes patógenos, levados depois à boca, aos olhos, às janelas naturais do organismo.

Aconselhável, pois, adotar, para cumprimentar pessoas, a “pegada de resgate”, utilizada pelos bombeiros sapadores e socorristas em geral para segurar ou puxar uma pessoa que esteja pendente de cair ou de afundar, ato para o qual segurar pela mão não é eficaz porque não permite uma boa contenção, se necessário tracionar o corpo humano.
 

O gesto, também muito usual na Roma Antiga como prova de parceria e confiança, é bem mais significativo e simbólico de afeto e amizade e não importa em contato direto entre as mãos, mas das mãos com os antebraços das pessoas – cautela suficiente em tempo de normalidade sanitária. 


  

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