terça-feira, 1 de outubro de 2019

CRÔNICA - Henfil e Jaguar (TL)


HENFIL E JAGUAR
Totonho Laprovitera*





Em João Pessoa, fui convidado para ir a um barzinho onde estavam duas personalidades: Henfil e Jaguar, cartunistas do Pasquim. Henfil, naquele tempo, morava em Natal por conta de um autoexílio, como ele mesmo propagava. Jaguar havia visitado o amigo, de onde seguiram juntos para a capital paraibana por conta de um evento sobre imprensa nanica.

À mesa, acompanhavam a dupla: eu e Wiron, com Lúcia e Nelci, professoras do curso de arquitetura da universidade local. Chamava atenção, porém, uma figura da cidade que passava o tempo todo bajulando os cartunistas. Foi quando se aproximou da gente, procurando falar com o Jaguar, um senhor franzino, de cor negra e de jeito humilde, logo barrado pelo bajulador:

– Ô cidadão, pelo amor de Deus, faça o favor de não nos incomodar...

– Mas não quero importunar ninguém...

– Faça o favor, faça o favor... – gesticulando.

Jaguar levantou-se e, educadamente, colocou-se à disposição do humilde senhor, estendendo-lhe a mão.

– Jaguar, deixe-me me apresentar. Sou fulano de tal, repórter da revista Manchete, e estou aqui para cobrir o evento de amanhã que vocês irão participar.

O puxa-saco calou e limitou-se a observar a cena.  A partir dali, Jaguar dando toda a atenção e conversando demoradamente com o senhor, repórter da Manchete. Henfil, à parte, não parava um instante sequer de falar, não notando nem o acontecimento que agora conto.

Conversamos muito, bebemos muito, fomos embora e a história ficou.


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