quarta-feira, 14 de abril de 2021

NOTA ACADÊMICA - Sarau Virtual da ACLJ (12.04.2021)

 SARAU VIRTUAL DA ACLJ
(12.04.2021)

   


PARTICIPANTES

Estiveram reunidos na conferência virtual desta segunda-feira, que teve duração de uma hora e meia, 10 acadêmicos. Compareceram ao grupo  o Marchand Sávio Queiroz Costa, o Bibliófilo José Augusto Bezerra, o Agrônomo Luiz Rego Filho, o Físico e Professor Wagner Coelho e o Médico, Teólogo, Filósofo e Latinista Pedro Bezerra Araújo.

Compareceram também o Jornalista e Advogado Reginaldo Vasconcelos, o Juiz de Direito Aluísio Gurgel do Amaral Júnior, o Procurador Federal Edmar Ribeiro, o Advogado e Sionista Adriano Vasconcelos, e o Especialista em Comércio Exterior Stênio Pimentel.
 


TEMA DE ABERTURA

O Presidente Reginaldo Vasconcelos abriu os trabalhos comentando o aniversário de 90 anos de Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, o fabuloso Chico Anysio, nascido a 12 de abril de 1931. 

Chico Anysio foi o maior gênio brasileiro contemporâneo, artista multitalentoso, uma versão nacional do que foi para os americanos do norte o magnífico Charles Chaplin. 

Foi radialista, ator, apresentador de TV, comediante, escritor, compositor, e, na maturidade, artista plástico, especializado na pintura de marinhas.   

Quando da instalação da ACLJ ele convalescia da enfermidade que o levou, e foi contatado pela Confreira Karla Karenina para integrar a Instituição.

Chegou-se a marcar viagem de uma comissão de acadêmicos ao Rio de Janeiro para empossá-lo formalmente, mas, na véspera, a família nos comunicou que a sua saúde piorara, e logo em seguida sobreveio a falência de múltiplos órgãos que ocasionou o seu passamento. 

Chico Anysio é o Patrono da Cadeira Virtual do Confrade Wagner Coelho, Membro Correspondente da ACLJ na Cidade do Rio de Janeiro, futuro Membro  Titular da ABLJ. 


ASSUNTOS ABORDADOS
 
Pedro Araújo abordou a libertação dos escravos no Ceará, lembrando a memória da abolicionista sobralense Maria Tomásia, que fundou a Sociedade Cearense Libertadora e teve grande influência na antecipação da abolição da escravatura neste Estado, em 1884, quando o Presidente da Província era Sátiro de Oliveira Dias. 

Reginaldo Vasconcelos considerou que a abolição do cativeiro entre nós foi mais fácil porque a economia local não tinha estreita dependência do braço cativo, já que não tínhamos minas de minerais preciosos nem cultura extensiva de cana de açúcar, atividades que requeriam numerosa mão de obra. 
 
Diante disso, como os cativos cearenses eram mais empregados em serviços domésticos, e tendo em vista as dificuldades climáticas que a todos compungia pelos sertões sáfaros, os negros cearenses se integravam afetivamente às famílias de seus amos – embora houvesse resistência aos casamentos interraciais, que mesmo assim aconteciam.

Adriano pontuou que a notória matriarca Dona Fideralina chegou a estabelecer em sua fazenda um criatório de escravos, mantendo geratrizes e padreadores negros, com objetivo de reprodução comercial.   

Fideralina  Augusto Lima (1832-1919), fazendeira que herdou do marido o comando da família e o controle dos negócios, tornando-se líder política na Região do Cariri, e revolucionária na Sedição do Juazeiro, é objeto de estudo biográfico do Prof. Rui Martinho Rodrigues, publicado em livro.

O Bibliófilo José Augusto Bezerra referiu ao documento histórico constitutivo da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, na Bahia e no Rio de Janeiro, uma das peças preciosas de sua coleção. Essa instituição foi criada para a construção de igrejas a serem frequentadas exclusivamente por afrodescendentes, em muitas cidades brasileiras. 

Falando do célebre jangadeiro Francisco José do Nascimento – o Chico da Matilde, agnominado "Dragão do Mar" – José Augusto asseverou que ele não teria proclamado que não mais entrariam escravos no porto de Fortaleza. Segundo José Augusto, ao contrário do que se diz, na verdade Chico da Matilde deliberou que não mais sairiam por via marítima cearenses escravizados, vendidos a escravocratas de outros Estados do Brasil.   

Stênio Pimentel citou então uma das maiores autoridades no tema da escravatura nas Américas e no Brasil, Manolo Florentino, Professor da UFRJ, falecido neste ano de 2021, vítima de um infarto do miocárdio.

Na mesma linha, José Augusto Bezerra lembrou o nome do Prof. Pedro Alberto de Oliveira Silva, sócio do Instituto do Ceará, autor do livro "História da Escravidão no Ceará – Das Origens à Extinção" – o principal estudioso do tema entre nós, também falecido neste ano.

Edmar Ribeiro narrou fato verídico ocorrido no Acre, seu Estado natal, de quando o filho de um seringalista se apaixonou por uma linda moça negra, queria casar com ela na capela da fazenda de seu pai, mas foi impedido de fazê-lo, e, por fim, para frustrar o conúbio, terminaram por desterrar a pretensa noiva para a cidade de Belém do Pará.

Por fim, Pedro Araújo recomendou a peça cinegráfica "Bem-vindo a Marly-Gomont", encontradiça no  Netflix, obra que versa sobre o tema da discriminação racial.  

    DEDICATÓRIA

A sessão virtual da ACLJ realizada nesta segunda-feira, dia 12 de abril, foi dedicada ao grande Chico Anysio, que na data de hoje completaria 90 anos. A efeméride in memoriam foi registrada na coluna do Jornalista Eliomar de Lima, no Jornal o Povo, conforme abaixo reproduzimos. Eliomar noticiou o descerramento virtual de um busto de Chico Anysio no Museu do Humor Cearense.

 



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